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Um concerto no bloco de operações: Dagmar tocou violino enquanto lhe removiam um tumor
Uma paciente no Hospital Universitário de King's Cross, em Londres, tocou violino enquanto um cirurgião lhe removia um tumor cerebral.
O tumor localizava-se no lóbulo frontal direito do cérebro de Dagmar Turner, uma paciente Hospital Universitário de King's Cross, em Londres. Estava próximo da área que controla a coordenação dos movimentos mais precisos da mão esquerda — movimentos imprescindíveis para tocar violino. E difíceis de perder para uma violinista. Por isso, a equipa de neurocirurgia, liderada por um pianista e especialista em tumores cerebrais, orquestrou um plano.
A violinista da orquestra sinfónica da Ilha de Wight, na costa Sul da Inglaterra, e que se apresenta com outras tantas sociedades filarmónicas desde os dez anos, iria ter de tocar durante a própria cirurgia. A meio da operação milimétrica, o neurocirurgião Keyoumars Ashkan e o resto da equipa executaram uma craniotomia — uma abertura temporária do crânio — e acordaram Dagmar. Foi aí que ela tocou violino, embalando a equipa de cirurgiões, terapeutas e anestesistas que removeram, com sucesso, 90% do tumor. As funções da mão esquerda mantiveram-se intactas, garante a universidade, em comunicado enviado a 18 de Fevereiro, dias antes de partilhar o vídeo com o P3. Três dias depois da operação, contam, Dagmar voltou a casa. E, em breve, espera poder voltar à orquestra.
Antes da operação, os cirurgiões mapearam o cérebro da paciente para identificar as áreas activas enquanto tocava violino, bem como as responsáveis por controlar a linguagem e o movimento. Além de especialista em tumores cerebrais, Keyoumars Ashkan é pianista e tem uma licenciatura em música.
Dagmar Turner, de 53 anos, foi diagnosticada em 2013 com um glioma, depois de sofrer uma convulsão durante uma sinfonia. As equipas no centro de tumores cerebrais do King’s Cross realizam cerca de 400 ressecções (extracção total ou parcial de tumores) por ano e é comum despertar os pacientes para realizar testes linguísticos. Já para tocar um instrumento musical, esta foi uma estreia, pelo menos naquele centro.
Em 2018, Musa Manzini, um músico sul-africano, tocou guitarra também durante uma craniotomia no hospital Inkosi Albert Luthuli, em Durban. A intervenção correu bem e sucedeu-se a outras, noticiadas em anos anteriores, também com guitarristas.