Quatro milhões de meninas estão em risco de sofrer mutilação genital, uma prática com graves “consequências físicas, psicológicas e sociais de longo prazo”, alertam as Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial de Saúde (OMS). O número de crianças em risco pode ultrapassar os 60 milhões até 2030.
No Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, que se assinala esta quinta-feira, 6 de Fevereiro, o Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), a Unicef, a ONU Mulheres e OMS denunciaram que 200 milhões de mulheres ainda sofrem com o trauma do procedimento. As organizações reforçaram “o compromisso da comunidade internacional para os objectivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030” de pôr fim a estes “actos de violência” contra mulheres e raparigas.
Segundo a Unicef, o apoio das populações à mutilação genital feminina (MGF) “tem vindo a diminuir”. “As raparigas adolescentes entre os 15 e os 19 anos, em países onde a mutilação genital feminina é predominante, são menos favoráveis à continuação desta prática do que mulheres entre os 45 e os 49 anos.” No entanto, o crescimento da população jovem nesses países pode fazer com que “cerca de 68 milhões” de raparigas estejam em risco até 2030 – um “aumento significativo”.
As quatro organizações juntam-se num apelo ao “papel fundamental” das gerações mais novas como parceiros na “elaboração e implementação de planos de acção nacionais”. Os jovens devem também contribuir para que as várias populações reconheçam a mutilação genital “como uma forma de violência contra mulheres e raparigas”, liderando “campanhas comunitárias que desafiem normas e mitos, e que tenham homens e rapazes como aliados”.
A erradicação da mutilação genital feminina não pode ser feita sem “uma forte liderança e compromisso políticos”. Por isso, as instituições das Nações Unidas vão apresentar a campanha Geração Igualdade, uma acção para “estimular” mais investimento e mais resultados para a igualdade de género.
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