O dia de São Valentim, celebrado a 14 de Fevereiro, é o pico de venda de flores a seguir ao Natal. Mas “demonstrar amor não tem de ser incompatível com cuidar do meio ambiente”, alerta a plataforma global de reflorestação Tree-Nation, referindo que “alternativas mais duradouras e ecológicas como a plantação de árvores são uma demonstração de amor simbólica, também pelo planeta”.
Apesar de a indústria global de produção de flores valer cerca de 64.5 mil milhões de euros, diz o estudo do projecto, e empregar milhares de pessoas nos países em desenvolvimento, há também “um custo significativo para o meio ambiente causado pela floricultura”. Segundo a plataforma, a maioria das flores compradas em floristas locais e supermercados são importadas de outros países, o que “representa grandes quantidades de dióxido de carbono emitidas na produção e no transporte”. “O impacto ambiental da indústria das flores está directamente relacionado com métodos de crescimento e de transporte pois cada flor de corte pode emitir até três quilogramas de dióxido de carbono (CO2), enquanto cada árvore pode limpar até 250 quilogramas de CO2 durante toda a sua vida útil”, cita a Lusa, que teve acesso ao estudo. "Além disso, uma flor tem a duração de um par de semanas, já uma árvore pode durar tanto como uma relação. Ou talvez mais...”, adverte.
Os maiores produtores de flores de corte são os Países Baixos, o Quénia, a Colômbia e Israel, que produzem rosas, orquídeas e cravos — as tradicionais flores associadas ao dia de São Valentim. “As rosas vendidas em Inglaterra e produzidas nos Países Baixos emitem seis vezes mais CO2 do que as oriundas do Quénia, devido ao custo das emissões de carbono das estufas”, e “cada flor cortada pode emitir até três quilogramas de CO2”, explica.
Além dos custos de carbono no transporte e da refrigeração das flores até ao ponto de venda, há também um grande impacto ambiental associado ao cultivo intensivo de flores frescas. “Em algumas áreas são necessários grandes consumos de energia para cultivar as flores na escala exigida pelo consumidor, como é o caso de países com menos sol durante o ano e onde as flores são produzidas essencialmente em estufas, como os Países Baixos e Inglaterra, normalmente aquecidas pela combustão de gás natural que liberta grandes quantidades de CO2”, expõe a plataforma.
Porém, a Tree-Nation afirma que o aumento da distância da viagem do produtor até à florista não está necessariamente relacionado com um maior número de emissões. Um estudo da Universidade de Cranfield, no Reino Unido, “demonstrou que as rosas vendidas em Inglaterra e produzidas nos Países Baixos emitem seis vezes mais CO2 do que as que cresceram, por exemplo, no Quénia”. “Apesar de a distância não ser muito grande, o custo das emissões de carbono é maior devido às estufas onde são produzidas”, conclui.
A Tree-Nation é uma plataforma global de reflorestação fundada por Maxime Renaudin. A organização, com sede em Barcelona, tem mais de 80 projectos de reflorestação activos. Desde a sua fundação, em 2006, mais de 130 mil cidadãos e 2200 empresas plantaram cinco milhões de árvores em todo o mundo.