Quem é que cuida dos meus pais?

A realidade de quem tem filhos com deficiências profundas ou doenças incapacitantes em Portugal é revoltante. Essa não é uma preocupação do Estado português.

A realidade de quem tem filhos com deficiências profundas ou doenças incapacitantes em Portugal é revoltante. Rotinas extenuantes, mães e pais que são autênticos modelos para estes filhos que precisam de cuidados 24 horas por dia. Uma preocupação permanente de quem não sabe quando será o último suspiro dos seus filhos. Pais que não querem ver os seus filhos institucionalizados mas sim que querem poder cuidar quem viram nascer, com condições e dignidade.

Essa não é uma preocupação do Estado português. O Governo faz transparecer estes pais como pessoas que se querem aproveitar do dinheiro do Estado para não poderem trabalhar, esquecendo-se que se a criança for institucionalizada o Estado paga no mínimo dez mil euros para que esta lá esteja! Mais um negócio obscuro da saúde portuguesa? Existe algo mais vergonhoso que isto?

Pais que apenas não abdicam do seu coração, mas que abdicam de tudo o resto. Os seus filhos são uma extensão de eles próprios e a única coisa que eles pedem é ajuda a um Estado do qual são filhos e cidadãos e no qual pagam com os seus impostos para continuarem a ser pais destas crianças. Não sabemos o que vai no coração destas crianças, muitas delas com as vidas suspensas nos seus próprios problemas de saúde e tratamentos, observando as suas rotinas e a dos seus heróis, mas pergunto-me o mesmo que crianças com capacidades físicas completamente limitadas mas que são intelectualmente capazes provavelmente se perguntam: “Quem é que cuida dos meus pais?”

É uma pergunta que muitos devem fazer, um peso que nunca deviam sequer sentir por um segundo que seja! A não ser o Estado! O Governo. Os políticos. Esses sim, deviam sentir esse peso, todas as noites! Todos vocês, as crianças, os vossos pais, são absolutos heróis! Nunca se esqueçam!

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