No Palácio da Pena, 80 anos depois, a Sala de Fumo está como nos tempos de D. Fernando II
O mobiliário tinha sido retirado em 1939 e regressou agora. Entre as novidades em Sintra, há ainda o restauro dos aposentos de D. Carlos I e “Uma Mesa para D. Carlos I e D. Amélia”.
O Palácio Nacional da Pena tem novidades já disponíveis para os visitantes neste fim de ano. Enquanto no período natalício se mostra a “primeira árvore de Natal de Portugal", a Sala de Fumo volta a receber a sua mobília original, retirada do local há 80 anos. São precisamente os móveis que eram usados no século XIX por D. Fernando II, o responsável por edificar o Palácio, e os seus convidados.
A sala era composta por um conjunto de cadeiras e divãs em madeira de carvalho, semelhantes a um sofá, forrados com tecidos florais e de aves. As cadeiras sem braços, também designadas de “cadeiras de fumar”, eram usadas de uma maneira distinta, onde a parte de encosto das costas era utilizada para encosto dos cotovelos. Os “braços” dos divãs possuem gavetas forradas a zinco, que serviam como cinzeiro.
O mobiliário, adquirido por D. Fernando II em 1866 à empresa lisboeta Barbosa e Costa, tinha sido retirado em 1939 e o seu regresso, 80 anos depois, mostra como a Sala de Fumo é “profundamente representativa do gosto decorativo empregue por D. Fernando II no Palácio da Pena”, sublinha a Parques de Sintra, que gere monumentos do concelho, incluindo a Pena.
Já a Sala de Jantar e Copa sofreu uma “reconstituição histórica”, focando-se no reinado do Rei Carlos I e da sua esposa, D. Amélia, mais propriamente no tempo de permanência do casal no Palácio, entre 1890 e 1908, ano do assassinato do penúltimo Rei de Portugal – o filho, D. Manuel II, tornar-se-ia o último monarca, tendo a sua mãe continuado a passar temporadas na Pena até à implantação da República em 1910.
A mesa de jantar situa-se no centro da sala e possui três cestos em porcelana, oriundos da China e enfeitados com flores. O serviço de porcelana é Limoges do tempo do mesmo reinado, assim como copos de cristal, da Baccarat. A mesa apresenta-se disposta para o “serviço à russa”, onde os pratos eram “preparados nas mesas trinchantes de apoio e servidos individualmente a cada conviva, representando os hábitos daquela época”, explicam. Está também representada na mesa uma reprodução do menu da ceia servida a 20 de Julho de 1900.
Por fim, é possível visitar neste percurso os aposentos restaurados de D. Carlos I. O gabinete, casa de banho e quarto de dormir sofreram recentes intervenções nas suas paredes, no tecto e pavimentos, até estofos, cortinas e, sublinha-se, restauro de “todas as peças de arte e de mobiliário”. No quarto de cama também é possível observar duas telas e um pastel da autoria do penúltimo rei português.
Estas intervenções, indica a Parques de Sintra, tiveram o custo global de 178 mil euros, e o valor permitiu também fazer uma revisão geral das redes de infra-estruturas, no intuito de “garantir as melhores condições de segurança e de conservação do património, nomeadamente, através da beneficiação dos sistemas de iluminação e de detecção de incêndios”, explicou o gabinete de comunicação da Parques de Sintra – Monte da Lua.
Texto editado por Luís J. Santos