Sempre quiseste entrar no gabinete de arquitectos como Siza Vieira ou Manuel Aires Mateus? À boleia do Backoffice podes fazê-lo. A segunda edição desta viagem acontece em Fevereiro de 2020 e leva todos os interessados a visitar 16 estúdios situados em Lisboa e no Porto.
Com a intenção de recuperar alguns dos hábitos das universidades nos anos 90 e 2000, como as viagens de estudo dos aspirantes a arquitectos, João Caria Lopes, do atelier BASE, e Rodolfo Reis, do CVDB, decidiram criar o Backoffice para proporcionar uma experiência que “fosse transversal a todos os cursos, independentemente do tema ou projectos que estivessem a aprofundar nas escolas”, explicam por email ao P3.
Uma vez que os gabinetes se encontram normalmente longe do alcance do público (são “espaços de actuação fora de cena"), os dois arquitectos empreenderam a primeira viagem em 2016 para aproximar todos os interessados da “vida de atelier”, nomeadamente dos arquitectos, equipas e respectivos métodos de concepção. “O objectivo não é estar em contacto com as suas obras, mas sim com os processos”, realçam. Desta vez, Nancy Boleto, estudante de arquitectura, integra também a organização do evento. “Quisemos acrescentar um elemento que estivesse ainda dentro da esfera universitária, que nos desse um olhar de quem está na mesma situação que os outros participantes”, referem os ideólogos do projecto.
Os três querem, com esta “viagem pelos bastidores” da arquitectura, promover o trabalho de atelier, lançando assim “as bases” para uma maior relação entre os profissionais e as universidades. Afinal, foi algo que lhes faltou na faculdade. “Não tivemos um ‘Backoffice' quando estudámos, [por isso] estamos a proporciona-lo agora às novas gerações, contando com a valiosa colaboração dos ateliers envolvidos.”
Entre os dias 3 e 4 de Fevereiro de 2020, em Lisboa, e no dia 5, no Porto, será possível visitar os espaços de trabalho de Álvaro Siza Vieira, Manuel Aires Mateus, DATA, Pedro Machado Costa, Ventura Trindade, Site Specific, PLCO, BASE, CVDB, Inês Lobo, Promontório, OODA, Paula Santos, Correia Ragazzi e AND-RÉ. Haverá também tempo para visitar o atelier Contemporânea, de Egas José Vieira e Manuel Graça Dias, arquitecto falecido em Março deste ano, por onde se entra por uma porta de 1,60 metros por baixo de um vão de escadas. Uma vez ultrapassada, descobre-se, com surpresa, “um espaço com duplo pé-direito e cinco janelas para um pátio, repleto de luz”.
As inscrições podem ser realizadas até 15 de Janeiro e têm o custo de 110 euros. O valor inclui a viagem de ida e volta entre Lisboa e Porto, bem como dormida e jantar. As vagas estão limitadas a 50 pessoas e já chegaram candidaturas de Lisboa, Porto ou Évora. “Sentimos que o evento se está a expandir”, confessam os criadores.
No futuro, João Caria Lopes, Rodolfo Reis e Nancy Boleto querem que o Backoffice tenha uma periodicidade bienal — já está a ser planeada uma 3.ª edição para 2022 —, aumentar o número de espaços disponíveis para visita e levar esta ideia para outros locais do país e também do mundo. Para já, esperam que todos os participantes aproveitem esta “viagem arquitectónica” para “reflectirem sobre a actual condição” da profissão e “também para pensarem em como todos os ateliers são diferentes”.