Greta, o Ambiente e as boas práticas
Nos tribunais não existem caixotes diferenciados para colocação do diverso tipo de lixo. Nem no interior nem no exterior! E as equipas da limpeza, em regra, também o não fazem. Por isso, há que cuidar do que se passa, está mal e faz falta dentro da nossa casa.
A chegada de Greta, a jovem adolescente activista do ambiente, gerou uma onda mediática a par de uma chuva de críticas pela atenção concedida a uma pirralha, ainda por cima Asperger, e que não vai à escola há séculos!
Em simultâneo acontece a Cimeira do Clima e a Contra-Cimeira!
Tudo isto quando as noticias nos mostram conferências de imprensa e declarações de responsáveis políticos absolutamente extraordinárias. Por Trump ficámos a conhecer que as alterações climáticas são um mito, do Brasil aprendemos que os peixes detectam o óleo e desviam-se (pena que os mamíferos e as aves não sejam tão inteligentes).
Cá pelo burgo ainda se ouvem declarações orgulhosas de recusa de reciclagem, “o Estado ou as câmaras que criem condições”, que “enquanto os produtos reciclados forem mais caros não se recicla”, and so on and on.
Enquanto isso, a maior parte, senão todos, os municípios têm regulamentos de resíduos sólidos, com previsão de coimas a aplicar pela deposição incorrecta de resíduos. Não apenas os despejos de entulhos e monos, mas também a incorrecta separação e colocação nos respectivos contentores ou depósitos dos diversos resíduos. Ou seja, quem vai despejar o lixo, sem o ter separado e despeja tudo no orgânico, ou larga as latas no papel, o óleo no vidrão e o papel ao vento, ou coloca ao lado do contentor e não dentro!
Não defendemos as invulgares, e de duvidosa legalidade, inspecções ao lixo para assim detectar a proveniência e subsequente identidade do agente da conspurcação e não separação dos diversos tipos de lixo.
Mas não é menos certo que, se as diversas edilidades tivessem uma postura mais proactiva e diligente na fiscalização e monitorização dos ecopontos e locais de despejo, com aplicação firme das coimas previstas, a realidade seria outra. Pois, como todos sabemos, quando não se actua voluntária e livremente, por vezes a obrigação ou a lei da força produzem os seus efeitos.
Antes que brotem as costumeiras acusações de autoritarismo, lembremos apenas que há décadas atrás, anos 80, surgiu a imposição do uso do cinto de segurança, tendo as polícias um papel activo na fiscalização e aplicação de multas. E desde há muito que a ninguém ocorre ter as crianças a sacolejar à solta no banco de trás!
Por isso, se a via pedagógica do chimpanzé Gervásio não foi suficiente, apliquem-se os regulamentos existentes e coimem-se os desviantes. Todavia, há que lembrar ao Estado e entidades públicas que a liderança também deve ser feita pelo exemplo!
Nos tribunais, nomeadamente, não existem caixotes diferenciados para colocação do diverso tipo de lixo. Nem no interior nem no exterior! E as equipas da limpeza, em regra, também o não fazem.
Quem lá trabalha em permanência, magistrados e funcionários, ou quem lá se desloca, como os advogados e intervenientes processuais, e tem preocupações ambientais, tem de trazer o lixo consigo! Seja a garrafa de água, o papel, os invólucros plásticos de qualquer alimento, as cápsulas do café…
Por isso, há que cuidar do que se passa, está mal e faz falta dentro da nossa casa, dotando os locais públicos de grande movimento, como são os tribunais, e onde a quantidade de resíduos recicláveis é enormíssima (copos de café, garrafas de água e papel), de pontos de deposição separada de resíduos. E ao estabelecer os cadernos de encargos da contratação da limpeza ter cláusula que preveja a recolha, separação e adequada entrega desses diversos materiais.
Que as alterações climáticas estão aqui, parece certo. Que a população aumentou e a produção de lixo também, é indubitável. Que temos, todos, de fazer alguma coisa, é determinante.
A Greta é só uma adolescente focada e preocupada com o ambiente. Pois que seja uma green infuencer, que a Ecologia merece seguidores mas que perdurem para lá da história do dia!