A Victoria's Secret cancelou o seu desfile televisivo anual, anunciou a empresa que detém a marca de lingerie, a L Brands Inc. O evento, que já foi um marco na cultura pop e na carreira de muitas modelos, incluindo da portuguesa Sara Sampaio, não resistiu à queda nas audiências e nas vendas da marca.
A decisão surgiu depois de a marca ter dito em Maio que iria repensar o especial. Quando questionado sobre o evento deste ano, esta quinta-feira, o director financeiro Stuart Burgdoerfer revelou: “Não, vamos comunicar com os clientes, mas não vamos fazer nada da magnitude do desfile”, disse, acrescentando que é importante fazer evoluir o marketing da Victoria's Secret.
A marca está a perder clientes à medida que muitas mulheres procuram roupa mais barata e também porque enfrenta a concorrência de novas marcas de lingerie, como Savage X Fenty — criada pela cantora Rihanna e com uma mensagem mais focada na diversidade.
Por outro lado, as audiências televisivas do evento caíram nos últimos anos. O espectáculo de Dezembro de 2018, que passou na ABC, foi visto por 3,3 milhões de norte-americanos, muitos menos do que os 12 milhões que viram a primeira transmissão, em 2001.
Além disso, a marca tem sido alvo de várias críticas. No desfile do ano passado, a cantora Halsey (uma das convidadas musicais) distanciou-se da marca de lingerie devido aos comentários feitos por Ed Razek, responsável pelo marketing, em relação às pessoas transgénero. E meses depois a Victoria's Secret acabou por contratar mesmo a sua primeiro modelo transgénero, Valentina Sampaio, na mesma altura em que Razek anunciou a reforma.
Numa recente entrevista à Vogue britânica, por exemplo, a modelo Karlie Kloss contou que abandonou a marca em 2015 porque não se identificava com a mensagem. “Sentia que não era uma imagem que verdadeiramente reflectia quem sou e o tipo de mensagem que quero passar a jovens raparigas em todo o mundo sobre o que significa ser bonita”, explicou.