Portugal quer revitalizar fortalezas e levar os turistas à fronteira
O programa Dinamizar Fortalezas, que visa apoiar a requalificação e promoção das fortificações da raia, foi lançado na Fortaleza de Monção. “Portugal é muito mais que Lisboa e Porto, é também estes territórios”, sublinhou o presidente da autarquia anfitriã.
No manuscrito do séc. XVI conhecido como o Livro das Fortalezas, Duarte de Armas, escudeiro de D. Manuel I, desenhava as fortificações que asseguravam a estrutura defensiva de Portugal frente a Castela. Cinco séculos depois, esta foi a inspiração para a criação do programa Dinamizar Fortalezas, segundo disse o ministro-adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, na apresentação desta iniciativa que pretende promover a requalificação destas estruturas históricas e incentivar as visitas aos monumentos e aos seus territórios. O lançamento ocorreu esta terça-feira numa das 62 fortificações ao longo da raia incluídas no programa – o Baluarte dos Néris, Fortaleza de Monção, em Viana do Castelo.
Esta é “a mais extensa fronteira terrestre que existe na Europa”, salientou Siza Vieira, acrescentando que estas obras, do Minho ao Algarve, são “notáveis” e temos que as mostrar e ter orgulho nelas”, além de “mostrá-las ao mundo de outra maneira”. O programa Dinamizar Fortalezas, pormenorizou o ministro, cumprir-se-á por fases.
A primeira fase “consistiu no levantamento do estado de conservação e de visitação destes equipamentos, alguns que estão facilmente acessíveis e bem conservados” e outros que “pelo contrário, precisam de algum investimento”. Levantamento feito, procedeu-se à “verificação daquilo que podem ser as necessidades de investimento para requalificação e para tornar esses equipamentos mais acessíveis aos turistas”.
A fase seguinte passa pelo apoio aos municípios na requalificação dos monumentos após o que se dará início à promoção do programa: “Vamos dar-lhes divulgação internacional, vamos criar um site que permita mais facilmente aos visitantes poderem perceber o que é que estão a fazer e vamos casar estas fortalezas com outros produtos que estamos a desenvolver”, garantiu, dando como exemplo os percursos pedestres.
A colaboração com Espanha também poderá estar na mesa quanto ao turismo em redor destas construções que lembram inimizades e receios ibéricos de outros tempos. “A fronteira não é o que nos separa, mas o que nos une”, diria Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo. A responsável lembrou que, juntos, os dois países formam o maior destino turístico do mundo “ao ultrapassarem os 100 milhões de visitantes”, salientando o potencial do projecto para a afirmação do território. O objectivo, disse, é divulgar o património da fronteira e transformar esses espaços históricos em locais dinâmicos de visita.
Os projectos relacionados com o programa poderão candidatar-se no âmbito do programa Valorizar – programa do Turismo de Portugal que financia a “valorização e qualificação” de destinos –, que, segundo Siza Vieira, tem sido um “sucesso”. Neste, contabilizam-se cerca de 133 milhões de euros de apoios partilhados por 620 projectos.
Outra vertente do Dinamizar Fortalezas assenta na aposta em atrair mais turistas para “territórios de baixa densidade”. Para o ministro, a sustentabilidade do turismo nacional passa pela diversificação de destinos. “A aposta não pode continuar a assentar na promoção de destinos tradicionais”, referiu.
O programa Dinamizar Fortalezas tem uma ligação directa ao nicho do Turismo da Natureza, reforçou ainda Siza Veira, indicando que este sector, na Europa, foi motivo no ano passado de 22 milhões de viagens internacionais. “Os turistas de natureza são aqueles que mais tempo permanecem nos destinos e mais dinheiro acabam por gastar. Valorizar o nosso território, a nossa paisagem, a nossa natureza e o património cultural a ele associado também nos permite crescer mais em matéria turística e aproveitar melhor o valor que está em todos os nossos territórios do interior”, defendeu.
Uma ideia também reforçada pelo presidente da autarquia anfitriã do lançamento da iniciativa. António Barbosa sublinhou a importância para Monção de poder aproveitar os fundos de modo a requalificar toda a zona amuralhada e rematou: “Portugal é muito mais que Lisboa e Porto, é também estes territórios”.