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Ornatos Violeta no Alive: o monstro precisa sempre de um palco
No Nos Alive, a segunda vida dos Ornatos Violeta teve um novo momento de festa. Os Ornatos estão a desfrutar do momento – e fazem bem.
A história já foi contada umas quantas vezes: quando os cinco viviam na mesma casa no Porto, quando a expectativa crescia em torno de Monte Elvis, o álbum que havia de suceder a O Monstro Precisa de Amigos, os Ornatos Violeta preferiram não alimentar o monstro. Decidiram matar a banda para não estragar a amizade, num momento em que havia uma indústria a querer sorver cada migalha de criatividade que deixassem escapar. Em vez disso, abriram uma garrafa de champanhe e brindaram ao fim. Optaram pela adolescência e recusaram a vida adulta.
Após os sete concertos nos Coliseus de Lisboa, Porto e Micaelense, em Outubro e Novembro de 2012, mais o extra da actuação no Festival de Paredes de Coura desse mesmo ano, Manel Cruz conveceu-se de que a história dos Ornatos Violeta ficara enterrada em definitivo. Até porque, ao contrário do que receara, a experiência de voltar a partilhar palcos com Peixe, Nuno Prata, Elísio Donas e Kinörm tinha sido “uma coisa tão mágica e tão incrível” que, depois disso, só podia correr um genérico final e o assunto ficar arrumado. Só que o fenómeno em torno da banda tinha crescido de uma forma tão desmedida desde que tinham decidido separar-se dez anos antes que, ao invés de ficar saciada a sede por um regresso provisório, os convites não pararam de chegar para que repetissem a dose. E repetiram, agora, no Nos Alive, esta quinta-feira.
Como escreve Vítor Belanciano, que esteve em reportagem na primeira noite do festival, os Ornatos "estão a desfrutar do momento e fazem bem, celebrando os 20 anos do álbum O Monstro Precisa de Amigos, que marcou quem os acompanhou nessa altura, mas não só, porque nitidamente existe uma geração mais recente que é persuadida por eles".
"Começaram por homenagear os Xutos & Pontapés, com uma versão de Circo de feras, instituindo de imediato uma relação de proximidade com o público, mas não foi um concerto fácil o de Manel Cruz e companhia. O álbum foi tocado na íntegra, notando-se a influência que os Radiohead detinham na sonoridade do grupo nessa época, e se é verdade que algumas canções conquistaram (de Chaga a Capitão romance), outras mais sofisticadas parecem ter-se perdido um pouco, talvez por serem menos imediatas. O que se sente, isso sim, é o enorme prazer que detém em estar em palco juntos, com Manel Cruz a revelar o carisma de sempre, na interpretação de temas como Há-de encarnar ou Pára-me agora, cantados em conjunto por um público que sabe as letras de cor", remata Vítor Belanciano.
Pela primeira noite do Alive passaram também Robyn, Jorja Smith, The Cure e outros nomes.