Porto
Era uma quinta histórica abandonada, agora é uma casa que não vai ficar “parada”
De uma quinta histórica, abandonada e descaracterizada, fez-se uma casa com "personalidade", pronta para uma "intensa" nova vida. E, soube-se em Junho, a reabilitação desta casa na Foz do Douro, no Porto, valeu ao gabinete Ventura + Partners o prémio platina nos Muse Design Awards na categoria Reabilitação.
Apesar das “várias intervenções ao longo dos anos”, parte do edifício, com origens no século XVII, estava “muito degradada”, explica ao P3 Manuel Ventura, responsável pelo projecto de recuperação da residência, “desabitada há muitos anos”. Os acrescentos e as intervenções no estilo “português suave” acabaram por tornar a estrutura um pouco “híbrida”, pois contava com construções de três épocas distintas. “O próprio edifício era um pouco estranho”, admite o arquitecto.
Com o objectivo de melhorar as condições da moradia e de lhe dar uma “lógica global comum”, o gabinete de arquitectura portuense iniciou, em 2010, a reabilitação do espaço, classificado como área verde privada a salvaguardar e imóvel de interesse patrimonial. “Durante a intervenção, a preocupação foi tentar perceber a época de cada parte da casa, aquilo que era valioso do património arquitectónico que restava e o que já não tinha interesse”, recorda o responsável. O desafio? “Casar o programa novo, através da nova intervenção, com as épocas mais antigas” – mas “não foi um edifício que se desfez totalmente para se voltar a fazer”, garante.
O edifício principal, num pobre estado de conservação, foi aquele que sofreu uma maior intervenção. A parte traseira da moradia – um acrescento ao projecto original – foi demolida e o segundo piso foi transformado num volume revestido a cobre. Mais do que manter a “essência” da casa, foi importante preservar “partes importantes, que eram valiosas”, como os “tectos trabalhados” ou algumas “carpintarias antigas”. Na parte mais recente da moradia, “com pouco mais de 100 anos”, ainda foi possível recuperar o telhado e manter os ligamentos.
O maior desafio foi “encontrar um equilíbrio” de forma a dar uma “personalidade própria” à casa. “Tirámos potencialidades das pré-existências e construímos um edifício novo com a alma do antigo”, salienta Manuel Ventura. Agora habitada, a casa “está preparada para uma vida intensa”, para “uma família que a explore bem” do ponto de vista da sua utilização. “Não é uma casa parada”, conclui o arquitecto.
Outras obras portuguesas também foram alvo de destaque na área de arquitectura nos Muse Design Awards, criados em 2015 pela organização International Awards Associates. É o caso do Bessa Hotel Liberdade, em Lisboa, também do atelier Ventura + Partners, do Chalé das Três Esquinas, do Espigueiro-Pombal do Cruzeiro e da Casa do Gafarim, do atelier Tiago do Vale Arquitectos, e, por fim, das Quintãs - Farm Houses, do arquitecto Júlio Caseiro.
Nota: depois de ter sido garantido pelos arquitectos que a publicação de fotografias da casa teria sido autorizada pelos proprietários da mesma, o P3 foi contactado para retirar as imagens do interior, bem como o nome da propriedade. Atendendo ao direito à privacidade, o P3 acedeu ao pedido.