Três técnicos portugueses vão lutar pelo título de campeão da Grécia

Abel Ferreira, Miguel Cardoso e Pedro Martins vão orientar os três candidatos ao título do campeonato grego, que não dá acesso directo à Liga dos Campeões. Estará, na Grécia, um palco de maior visibilidade para os treinadores portugueses fora dos três “grandes” em Portugal?

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Miguel Cardoso, Pedro Martins e Abel Ferreira fazem carreira na Grécia DR

Do norte de Portugal para o topo do futebol grego. A ida de Abel Ferreira para o PAOK marca a chegada de outro treinador português a um clube grego. Na luta pelo título helénico o emblema de Salónica, actual campeão grego, terá a concorrência do AEK, que contratou Miguel Cardoso (ex-Rio Ave) para a próxima temporada, e Pedro Martins (ex-Marítimo, Rio Ave e V. Guimarães), que já vai orientar o Olympiacos pela segunda temporada. O trio de treinadores portugueses passa a disputar o título grego depois de terem terminado a Liga portuguesa entre o quarto e o sexto lugar. E no meio da tabela do futebol helénico, o Panetolikos apostará noutro português, Luís Castro, ex-treinador da equipa sub-23 do V. Guimarães.

O PÚBLICO ouviu algumas figuras com experiência no futebol helénico para perceber o que está a entusiasmar treinadores e jogadores portugueses para rumar à Grécia. Chaínho, por exemplo, não tem dúvidas: “O próximo campeonato grego vai cair para um português” e o PAOK, agora com Abel Ferreira, continuará na linha da frente, mesmo sendo uma Liga muito intensa e disputada dentro e fora de campo. Ao PÚBLICO, o ex-jogador de FC Porto e do Panathinaikos, entre outros emblemas, explicou que o futebol grego está a retomar investimentos. “Após um período de recessão financeira quer voltar a ser temível nas suas casas nos jogos europeus”, afirma. E o treinador português costuma ser o elemento-chave preferido. “É o que mais se assemelha a pensar o jogo na Grécia através da sua disciplina táctica, calma e conhecimento”, acrescenta.

O antigo futebolista explica ainda que o desempenho do actual seleccionador nacional, Fernando Santos, em equipas e na selecção grega gerou simpatia e atenção constante ao trabalho que se faz no futebol português. Isso permitiu descobrir que “o treinador e o jogador português gostam de arriscar, ganhar títulos e acima de tudo viajar para conhecer culturas novas”.

Vasilis Tempelis, jornalista do Sport24, garante que a reestruturação da época passada foi fundamental para a nova saúde financeira do futebol grego. “A televisão estatal deu muito dinheiro às equipas gregas. Os clubes da I Divisão têm maior capacidade para contratar jogadores. E, agora, os jogadores e treinadores de clubes portugueses médios acabam por ser mais baratos do que os gregos”, afirma ao PÚBLICO.

“A escola de treinadores portugueses é completamente diferente da que existe na Grécia. É claro que estão alguns níveis acima, são bons treinadores”, aponta o jornalista que sublinha ainda o crescente fluxo de jogadores sul-americanos para os principais clubes helénicos como mais um detalhe que ajuda à contratação de técnicos portugueses, uma vez que a proximidade com a língua também é uma vantagem​. 

A frequente passagem de treinadores portugueses na Grécia não surpreende Nuno Claro, que por lá orientou o Paxos FC, dos campeonatos secundários, até esta temporada. Este técnico considera que alguns colegas de profissão “são obrigados a procurar um novo rumo” porque “infelizmente em Portugal está montado um sistema em que só alguns é que têm visibilidade” e na Grécia “há respeito pelos treinadores portugueses” mesmo que “as condições não sejam as mesmas que em Portugal”. Em campo, “o futebol grego tem muito a ver com o futebol português”, afirma.

Abel Ferreira, agora ex-treinador do Sp. Braga vai orientar o actual campeão da Grécia que, à semelhança dos bracarenses na Liga Europa, terá de disputar a terceira pré-eliminatória e, em caso de vitória, um play-off de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões. Na temporada passada, o PAOK acabou eliminado pelo Benfica

Miguel Cardoso, no AEK, conta com cinco portugueses no plantel: Hélder Lopes, Paulinho, André Simões, David Simão e Francisco Geraldes (emprestado pelo Sporting). Quanto a Pedro Martins tem, para já, três futebolistas portugueses no Olympiacos: José Sá, Ruben Semedo e Daniel Podence.

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