Alterações climáticas: “O rio dá muito às pessoas, mas também lhes retira tudo”

©Sarker Protick
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A maior parte dos lugares que o bengalês Sarker Protick fotografou, nas margens do rio Padma, no Bangladesh, já não existe. As monções, que afectam inevitavelmente aquela região da Ásia Meridional, têm-se tornado cada vez mais violentas e o motivo é evidente. Graças ao efeito das alterações climáticas, nomeadamente do aquecimento global, a quantidade de água que é despejada sobre o território bengalês é cada vez maior, o que faz aumentar os caudais dos rios, que, em consequência, devoram rápida e ferozmente tudo o que encontram nas margens.

“A terra é engolida e desaparece”, explica o fotógrafo na sinopse do projecto Of River and Lost Lands, que desenvolve desde 2011. “A erosão das margens fluviais causa muito mais sofrimento do que outros desastres naturais, como por exemplo as inundações”, sublinha. “Enquanto a inundação destrói as culturas e danifica as propriedades, a erosão resulta na perda efectiva de território e de tudo o que esse contém.”

O projecto de Sarker Protick, actualmente em exposição no Centro Português de Fotografia, no Porto, ao abrigo da Bienal de Fotografia promovida pela Ci.CLO, tem como personagem central o melancólico — e agora violento — Padma. “O rio dá muito às pessoas, mas às vezes também lhes retira tudo”, reflecte o autor. “Os locais, a princípio, parecem abandonados. Casas destruídas, submersas, e árvores que boiam é tudo o que resta. São indícios de uma vida que já existiu no local.” Mas, com a passagem do tempo, as pessoas que ocupavam esses lugares agora inexistentes foram-se adaptando, encontrando novas formas de habitar.

Numa instalação audiovisual que pode ser visitada até 2 de Julho, Sarker mostra a “impiedosa relação entre a natureza e o ser humano, pautada por dependência e destruição”, ao som de música que o próprio compôs. O trabalho do fotógrafo já conheceu publicação no P3, em 2015, e pode ser revisto aqui.

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