O projecto Showcase Moda Portugal regressou a Paris para uma segunda edição onde estiveram presentes 30 marcas portuguesas para divulgar o que de melhor se faz entre portas. Este evento uniu, pela primeira vez, as principais entidades da moda nacional: ModaLisboa e Portugal Fashion.
No Showcase Moda Portugal participaram marcas de vestuário como Baccus, Frenken, Impetus, Inimigo, Maria by Fifty e Unilopes; de acessórios e lifestyle como Aalmavina, Branco_Chá, Rita GT, Thomas Mendonça, Vandoma e Westmister; e calçado como As Portuguesas, Undandy e Wolf and Son. A moda de autor esteve representada pelos criadores Constança Entrudo, David Catalán, Hugo Costa, Inês Torcato, Kolovrat e Luís Carvalho. O objectivo: divulgar o lifestyle português.
“Quando entramos numa loja não vemos só roupa. Vemos toda uma mensagem, toda uma estética. E nós aqui quisemos criar essa experiência sensorial, de descoberta do que é Portugal. Tivemos cuidado de ter um catering também português, de ter um grupo português [Fred, dos Orelha Negra que tocou no evento)”, explica Marlene Oliveira, responsável pela estratégia de internacionalização do Centro de Inteligência Têxtil (CENIT), ao PÚBLICO.
O secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, marcou presença no evento que se realizou terça-feira ao final da tarde, em Paris, e reforçou as vantagens da união das associações para a representação da moda portuguesa no estrangeiro. “O que temos de garantir é que aquilo que fizemos hoje se vai repetir muitas vezes. As associações não existem para se servirem a si próprias, existem para servir os criadores e os designers e um criador e um designer português tem de poder estar na ModaLisboa, e em Paris com o Portugal Fashion. Tem de poder estar aqui com a ModaLisboa em Paris e a seguir estar com o Portugal Fashion em Florença”, defende.
Também Eduarda Abbondanza, presidente da Associação ModaLisboa e responsável pela curadoria desta edição do Showcase Moda Portugal, considera que esta acção conjunta é um passo importante para a internacionalização da moda portuguesa. “Se queremos não subir degraus, mas galgar patamares, que é aquilo que está pela frente, tem de ser assim. E há muitos sectores que já estão a fazer isso e estão a ter resultados muito bons”, acrescenta aos jornalistas no decorrer do evento. “Temos de estar em conjunto porque, internacionalmente, a maneira como nos lêem é outra”, continua.
Apesar da intenção de Eduarda Abbondanza em manter a união dentro e fora de portas, a presidente da Associação ModaLisboa afirma que não haverá uma Semana da Moda única no país. “Nós temos de observar as geografias. Lisboa tem uma geografia muito própria e o Porto também. O Porto tem indústria, tem as marcas da indústria e vai ter de responder porque o dinheiro vem por essa via. Lisboa tem um lado mais cosmopolita, não tem indústria, tem menos verbas mas também o seu posicionamento é outro e como tal não vai haver uma semana única”, justifica.
Para Marlene Oliveira, do CENIT, eventos como este têm impacto na notoriedade das marcas: “Isto é um projecto colectivo de promoção de imagem, que não terá retorno comercial no imediato, mas acreditamos que estas acções promocionais conjugadas com outras que o CENIT e a Associação Nacional das Indústrias de Vestuário (ANIVEC) organizam de carácter mais internacional, como a presença em feiras internacionais, que tudo isto concorra para a mesma promoção de Portugal e claro, que se converta em vendas e aumento das exportações.”
Mas a portugalidade presente no design e também no ambiente criado para o evento não é só para inglês ver. “Temos de reeducar o consumidor português. Aquela ideia de que nós só gostamos do que é estrangeiro e das grandes marcas, e que o design português é caro, tudo isso é um mito. Nós fazemos promoção junto dos públicos especializados internacionais, mas o feedback depois regressa a Portugal e vai ajudar a mudar essa sensibilidade para os produtos portugueses”, conclui Marlene Oliveira.
O PÚBLICO viajou a convite do CENIT