Evocação de uma émula de Xerazade
Este texto foi escrito por Eduardo Lourenço para ser lido por ocasião do doutoramento honoris causa da escritora, a 23 de Novembro de 2018, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Vila Real.
Raramente terá Agustina explicitado e posto em fábula a sua poética — não só ficcional mas vital — como na caixinha das surpresas fulgurantes e aleatórias que é o livro Um Cão Que Sonha. Nele, autobiografia e mitologia andaram sempre a par. É mesmo essa a sua marca específica na ficção portuguesa do nosso século. Aqui, através da evocação de Maria Pascoal, jovem morta com um livro de génio à sua conta, visivelmente Agustina revisita-se. A espiral sobre si mesma quase fechada de A Sibila é uma série de espirais em volta desse destino ímpar de Maria Pascoal que numa daquelas audácias a que nos habituou, Agustina enlaça com o destino de Nausícaa, a quem atribui, nada menos para consolo de todo o feminismo cultural, a autoria da Odisseia…
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.