Cirurgia de ambulatório, hospitalização domiciliária e o reforço do SNS

A aposta na cirurgia de ambulatório e na hospitalização domiciliária são duas das medidas mais importantes da estratégia de modernização dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde.

A aposta na cirurgia de ambulatório e na hospitalização domiciliária são duas das medidas mais importantes da estratégia de modernização dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

No início desta semana, entre os dias 26 e 28 de maio, decorreu no Porto o 13.º Congresso Internacional de Cirurgia de Ambulatório. Perante centenas de especialistas de todo o mundo, foi possível constatar que a cirurgia de ambulatório é a reforma organizacional de maior sucesso nos hospitais do SNS nos últimos anos e que Portugal é hoje uma referência mundial nesta área.

Os resultados alcançados têm representado um aumento do acesso dos portugueses aos cuidados cirúrgicos e, em simultâneo, têm permitido elevar a qualidade, a eficiência e a comodidade desta resposta para os doentes e suas famílias.

Em 2018 registou-se o número mais elevado de sempre de doentes operados nos hospitais do SNS, quase 600 mil. São mais 120 mil doentes operados do que em 2010 e quase o dobro do ano 2000.

Este aumento exponencial da resposta tem sido suportado pelo crescimento da cirurgia de ambulatório, em que os doentes não necessitam de ficar internados no hospital, regressando a sua casa, em segurança, apenas umas horas após a intervenção cirúrgica.

No final de 2018, as cirurgias de ambulatório representavam já 65,5% do total de cirurgias realizadas no SNS, o que compara com os 49,5% de 2010 ou com os cerca de 10% de 2000.

Mas se a cirurgia de ambulatório revolucionou a atividade cirúrgica em Portugal, a implementação de respostas de hospitalização domiciliária irá também alterar profundamente o perfil assistencial dos hospitais do SNS, principalmente nas especialidades médicas.

Regulamentada pela primeira vez no SNS através do Despacho n.º 9323-A/2018, de 27 de setembro, a hospitalização domiciliária pretende estimular o “cuidar em casa”, apresentando-se como uma alternativa válida ao internamento hospitalar convencional, com ganhos ao nível da humanização e do envolvimento das famílias no processo de prestação de cuidados de saúde.

Esta é uma resposta de internamento inovadora e integrada, dirigida aos doentes que reúnam um conjunto de critérios clínicos, sociais e geográficos que permitem a sua hospitalização na sua própria casa, sob a responsabilidade dos profissionais do hospital e mediante acordo do próprio doente e da sua família.

No dia 3 de outubro de 2018, um total de 25 hospitais do SNS assumiram o compromisso de iniciar a resposta de hospitalização domiciliária até ao final de 2019, seguindo o exemplo do Hospital Garcia de Orta, em Almada, que já tinha iniciado este caminho em Portugal, uns anos antes.

Estando agora no final do mês de maio de 2019, e numa altura em que se realiza o 1.º congresso da hospitalização domiciliária no SNS, são já 16 os hospitais públicos a tratar doentes internados em casa, representado mais de 100 camas de internamento hospitalar domiciliário, com ganhos reconhecidos em termos de segurança (redução das infeções hospitalares ou do risco de complicações, por exemplo), de comodidade, de qualidade e de eficiência.

Estas são duas das principais alterações estruturais no SNS, que contribuem para modernizar os hospitais públicos e que permitem responder ao aumento das necessidades, das exigências e das expectativas dos cidadãos em relação à sua saúde e bem-estar.

Ambas apostam na valorização dos profissionais de saúde, na inovação das práticas clínicas e no regresso precoce e em segurança dos doentes ao seu ambiente familiar. Ambas são essenciais para tornar o SNS cada vez mais forte, mais resolutivo e mais próximo das pessoas e da comunidade.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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