O Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (I3S) e o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup) vão lançar na segunda-feira a “primeira série de ficção de educação para a saúde” em Portugal.
Em entrevista à agência Lusa, Nuno Teixeira Marcos, coordenador da Unidade de Prevenção de Cancro do Ipatimup, explicou que a campanha, intitulada 2 Minutos Para Mudar de Vida, surgiu da necessidade de “contribuir para a literacia”, tendo como objectivo “educar para a saúde e prevenir para as doenças não transmissíveis”. “Falar sobre estes temas de saúde e doença, mas, sobretudo, falar sobre saúde de uma maneira leve, informal e em alguns momentos, recorrendo ao humor, é uma aposta bastante arriscada”, adiantou o investigador do Ipatimup.
Segundo Nuno Teixeira Marcos, a série, que começa a ser exibida na RTP a partir do dia 8 de Abril, divide-se em 20 episódios, cada um com cerca de quatro minutos, e vai abordar “comportamentos de risco e comportamentos preventivos”. “Nós não vamos falar de doenças, vamos falar de saúde, de como manter a saúde, e de factores de risco ou de prevenção. Cada episódio fala sobre um comportamento de risco ou um comportamento preventivo, com eficácia comprovada, ou seja, cada episódio é focado em factores que cada pessoa, individualmente, consegue implementar na sua vida, apesar da mudança de comportamentos nunca ser fácil”, esclareceu.
A série, dirigida a “toda a família”, vai dar destaque a temas como a alimentação, consumo de álcool e tabaco, exercício físico e realização de exames de rastreio, e visa a “mudança de comportamentos dos telespectadores”. “Está ao alcance de cada um a mudança. Qualquer mudança de comportamentos é complicada em termos de prevenção, porque a pessoa não vê resultados a curto prazo, porque a prevenção relaciona-se com resultados a longo prazo e também com a ausência dos mesmos. Prevenir eficazmente é nada acontecer e manter a nossa saúde”, frisou.
A campanha, que tem como parceira a Fundação Belmiro de Azevedo, é lançada ao público na quarta-feira, às 18h, no Auditório do Colégio Efanor, em Matosinhos, e vai recorrer a plataformas digitais e a sessões presenciais de modo a alcançar “um público alargado e diversificado”. À Lusa, Nuno Teixeira explicou que, após o lançamento de cada episódio, vão ser disponibilizados no site da campanha “conteúdos com informação extra” sobre cada caso e que por cada episódio será divulgado “um questionário de conhecimento com cinco perguntas”.
“Vamos contabilizar as respostas certas, o tempo que cada utilizador demora a responder, a velocidade com que responde, assim como o número de partilhas nas redes sociais. Todos estes aspectos vão contar para um ranking que, somado, depois dos 20 episódios, vai dar uma lista de pontuações e os três com mais pontos vão ter prémios”, afirmou.
De acordo com o investigador, no mês de Maio vão iniciar-se as sessões presenciais por todo o país que, com base nos temas apresentados na série, vão fazer com que “a informação saia dos meios mais académicos” e chegue de forma “mais complementar, acessível e directa” à população.
“A nossa obrigação é criar produtos que consigam chegar às pessoas e sejam claros na informação. Que tenham informação que as pessoas sintam que é útil e que sejam formatados de uma maneira para que esta informação seja transformada em conhecimento. É nossa obrigação criar informação de qualidade para que ela possa ser transformada em conhecimento. Idealmente, o derradeiro parâmetro de sucesso seria se as pessoas mudassem de comportamentos, mas é algo que nos ultrapassa”, concluiu.