Curdos sírios pedem a França que substituam os EUA
Se a situação se descontrolar, os curdos podem não conseguir manter em cativeiro os guerrilheiros do Daesh que hoje têm em seu território, avisam.
As forças curdas no norte da Síria podem não conseguir controlar os prisioneiros do Daesh que mantêm em cativeiro se a situação na região ficar fora do seu controlo, após a retirada norte-americana, afirmou na sexta-feira Ilham Ahmed, co-presidente do Conselho Democrático da Síria.
Ao lado de Ahmed, numa conferência de imprensa em Paris, Riad Darar, o outro co-presidente do braço político das Forças Democráticas da Síria (SDF) – que governam efectivamente o Norte da Síria, etnicamente curdo – afirmou esperar que França passe a desempenhar um papel mais activo na Síria depois de o Presidente dos EUA, Donald Trump, ter decidido retirar as forças norte-americanas que têm apoiado o combate ao Daesh naquele país.
“Sob a ameaça do Estado turco, e com a possibilidade de o Daesh se reerguer novamente, receio que a situação se descontrole e que não os consigamos conter”, disse Ahmed, quando questionada sobre se o SDF estava a considerar a possibilidade de libertar as centenas de guerrilheiros do Daesh que tem à sua guarda. O que tem implícita a ameaça de ataques terroristas na Europa, sobretudo em França, que tem sido especialmente martirizada.
Os dois líderes curdos já se tinham reunido com conselheiros do Presidente francês Emmanuel Macron para discutir a decisão de Trump de ordenar a retirada total das tropas norte-americanas, que tomou os aliados dos EUA de surpresa.
A França tem cerca de 200 militares das forças especiais que operam nas áreas curdas da Síria, bem como artilharia pesada, enviados como parte dos esforços para derrotar os últimos focos isolados do Daesh. Estão também a ser feitos ataques aéreos.
“Não compartilhamos as análises de que o califado do Daesh foi aniquilado em termos territoriais”, disse a ministra da Defesa francesa, Florence Parly, na rádio RTL, em desacordo com a avaliação de Trump.
“É uma decisão extremamente grave e achamos que o trabalho deve ser concluído.”