Políticos têm de decidir com maior ambição e rapidez medidas de justiça climática
A União Europeia deve reduzir as emissões muito mais rapidamente do que o resto do mundo
As associações de ambiente, apesar de serem consideradas como observadores nas conferências anuais das Nações Unidas sobre alterações climáticas, têm um papel muito importante no acompanhamento dos trabalhos e na influência junto dos diferentes governos para se atingirem melhores resultados nas negociações.
A agenda das organizações não-governamentais é a agenda da sociedade, dos milhões de habitantes do planeta, atuais e futuros, muitas das vezes sem recursos para lidar com um clima em mudança.
Os alertas dos cientistas, das instituições e de diversos governos são ecoados pelas associações no sentido de mobilizar as populações, mas acima de tudo para responsabilizar os políticos, que têm de decidir com maior ambição e com maior rapidez no que respeita à implementação das medidas em prol de uma justiça climática em que todo um planeta é prejudicado à custa do excesso histórico de recurso a combustíveis fósseis por alguns países.
Assegurar que as metas de Paris são revistas fortemente em baixa é um dos objetivos principais, a par de se garantir que os países em desenvolvimento terão financiamento para prosseguir uma trajetória mais sustentável no uso da energia e das respetivas emissões, entre outros setores.
Portugal como Estado-Membro da União Europeia que participa na COP24 deve ter um papel ativo individual e coletivo para agir de acordo com as advertências do novo relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC em inglês). Para se verificar um aquecimento inferior a 1,5 °C em relação à era pré-industrial, conforme indicado no relatório, precisamos diminuir as emissões o mais rápido possível - temos 12 anos. Se a ação for insuficiente agora, provavelmente será impossível compensar posteriormente o deficit.
Quanto mais adiamos as reduções, maior será a pressão sobre os nossos recursos naturais para remover o excesso de emissões. Isso leva a múltiplas restrições de sustentabilidade identificadas pelo IPCC.
A Comissão Europeia ao apresentar antes da Conferência um projeto de estratégia climática da União Europeia, recomendando uma meta de zero emissões líquidas até 2050, deve reduzir as emissões muito mais rapidamente do que o resto do mundo e o seu objetivo para 2030 deve ser substancialmente aumentado, mesmo para além da redução de 55% que alguns países e o Parlamento Europeu pedem, antecipando inclusive o objetivo de neutralidade para 2040.