Colocar a diabetes em movimento
O programa Diabetes em Movimento arrancou no passado mês de outubro em 12 localidades portuguesas: Almada, Lagos, Lisboa, Maia, Paredes, Portel, Portimão, Rio Maior, Seixal, Viana do Castelo, Vila Real, e Vila Real de Santo António.
No próximo dia 14 de novembro assinala-se o Dia Mundial da Diabetes. Esta efeméride é celebrada desde 1991 pela Federação Internacional da Diabetes e pela Organização Mundial de Saúde, em resposta à crescente preocupação com o aumento alarmante da diabetes em todo o mundo.
Foi escolhido o dia 14 de novembro por ser a data de aniversário do médico canadiano Frederick Grant Banting, um dos descobridores da insulina, em 1921, facto que o levou a receber o Prémio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1923, em conjunto com John James Rickard Macleod. No dia 20 de Dezembro de 2006, esta data foi reconhecida pelas Nações Unidas.
O círculo azul é instituído como símbolo universal da diabetes. O círculo representa a unidade e em diferentes culturas simboliza a vida e a saúde. O azul representa a cor do céu que une todas as nações do mundo e é também a cor da bandeira das Nações Unidas. Este símbolo representa assim a união necessária de todos os países em resposta à ameaça da pandemia da diabetes.
Em Portugal, os números da diabetes têm vindo a crescer desde que há registos. Ocupamos um lugar na linha da frente dos países europeus com maior prevalência desta doença crónica — as estimativas apontam para uma prevalência entre 9,8% e 13,3% na população adulta e idosa (mais de um milhão de portugueses).
A inatividade física é um dos principais fatores de risco da diabetes tipo 2 — responsável por cerca de 95% de todos os casos de diabetes, sendo a atividade física regular um dos pilares do tratamento.
O Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física da Direção-Geral da Saúde coordena, desde 2018, um programa comunitário de exercício físico para pessoas com diabetes tipo 2 — o Diabetes em Movimento.
As intervenções comunitárias para a promoção da atividade física são consideradas como um dos melhores investimentos para promover a atividade física na população, permitindo envolver um número alargado de cidadãos, utilizando os recursos locais já existentes e potenciando ainda a sua interligação. Estes programas de base comunitária devem ser desenhados para populações com características específicas e homogéneas (faixa etária, contexto social, fatores de risco e/ou doenças comuns), devem ser implementados em grupo, devem potenciar o uso de recursos existentes, e devem, sempre que possível, ser multidisciplinares e multicomponentes (p. ex. intervenções de exercício físico combinadas com educação alimentar, literacia para a saúde, etc), envolvendo vários setores e instituições da sociedade civil e do poder local.
O programa Diabetes em Movimento arrancou no passado mês de outubro em 12 localidades portuguesas: Almada, Lagos, Lisboa, Maia, Paredes, Portel, Portimão, Rio Maior, Seixal, Viana do Castelo, Vila Real e Vila Real de Santo António.
As sessões deste programa são gratuitas para os participantes e decorrem três vezes por semana, com uma duração de 90 minutos, entre os meses de outubro e junho. Trata-se de uma intervenção multi-institucional, multidisciplinar, e multicomponente: a sua implementação envolve centros de saúde, hospitais, municípios, juntas de freguesia, instituições do ensino superior e associações locais; as atividades são monitorizadas por fisiologistas do exercício e por enfermeiros; e as sessões envolvem vários tipos de exercício físico (aeróbio, resistido, de agilidade e equilíbrio e de flexibilidade) mas também atividades de educação para a saúde e para a cidadania.
A dose semanal de exercício físico deste programa foi testada como ferramenta terapêutica para o tratamento da diabetes tipo 2, redução do risco cardiovascular e aumento da funcionalidade. A prevenção de eventos adversos associados ao exercício físico, através da monitorização da glicemia capilar, da pressão arterial e da intensidade do esforço, garante a segurança dos participantes.
O facto de o programa ser desenvolvido com recurso a materiais de baixo custo (as garrafas de água de 0,5L cheias com areia são a imagem de marca deste programa) e estratégias de exercício de elevada aplicabilidade permite a fácil replicação destas atividades em outros contextos e em outras populações com outros fatores de risco.
Esta questão da replicabilidade é fundamental, uma vez que este programa, por si só, não tem recursos para oferecer atividade física regular às cerca de 1 milhão de pessoas com diabetes em Portugal, mas pretende-se constituir como um modelo de inspiração para o desenvolvimento e disseminação de projetos semelhantes a implementar a nível local, algo que se tem verificado nos últimos anos. O objectivo: colocar a diabetes em movimento!