Japão pede fim da proibição da caça à baleia
Tóquio argumenta que a população de baleias já é suficientemente grande para ser caçada de forma sustentável.
O Japão vai propor o fim da proibição da caça comercial à baleia. Em Florianópolis, no Brasil, onde vai estar reunida a Comissão Baleeira Internacional (CBI), na qual participam 89 países, Tóquio vai defender que “a ciência é clara” e que “existem certas espécies de baleia cuja população é saudável o suficiente para que seja caçada de forma sustentável”.
A Islândia e a Noruega são os únicos países à margem da moratória internacional contra a caça comercial à baleia. O Japão respeita formalmente a proibição, mas tem caçado baleias sob a justificação de que o faz para “fins científicos” — algo que tem sido criticado ao longo dos anos pela comunidade internacional.
A caça à baleia faz parte da cultura do Japão, mas encontra-se restringida desde 1946, anos em que uma moratória internacional estabeleceu que a caça só era permitida para fins científicos. Em 1986 foi estabelecida uma proibição total, mas Tóquio continuou a exercer a actividade para supostos “fins científicos” — com a carne de baleia a continuar a ser comercializada nos restaurantes japoneses.
Em 2014, o Tribunal Internacional de Justiça ordenou Tóquio a suspender a actividade, concluindo que nenhum dos animais caçados eram realmente utilizados para pesquisas científicas. No entanto, o Japão continuou a realizar caçadas para “fins científicos”. Só entre Novembro de 2017 e Março de 2018, pelo menos 333 baleias, entre as quais 122 grávidas, foram capturadas por barcos japoneses nos mares do Sul, junto à Antárctida, segundo denunciou o Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla inglesa).
A Austrália e a Nova Zelândia, vizinhas da reserva marítima antárctica, são os países que mais têm protestado contra a actividade baleeira japonesa na região.
A reunião de Florianópolis termina na sexta-feira e a pretensão nipónica não deverá colher apoios. Mesmo que o Japão rompa com a moratória, o país continuará obrigado a observar leis internacionais para a conservação das baleias.
Texto editado por Pedro Guerreiro