Erros importantes mas sem peso decisivo
Que as decisões das equipas de arbitragem não tenham influência na definição dos vencedores das partidas, é o que se espera sempre. Nesta fase final do campeonato essa expectativa é ainda mais reforçada.
Focando-nos apenas nos jogos deste fim-de-semana que envolveram as equipas que estão a lutar pelo título, aconteceu o que se espera: as decisões dos árbitros não influenciaram a atribuição de pontos. Aconteceu também, no entanto, aquilo que ninguém quer que aconteça: erros em situações importantes do jogo.
Alguns dos lances dos jogos dos três primeiros classificados:
No Benfica-Tondela aconteceram cinco lances daqueles que, normalmente, são considerados marcantes numa partida.
Aos 12 minutos, Jiménez foi rasteirado no interior da área. Lance de difícil análise para o árbitro uma vez que o jogador até acabou por conseguir efectuar o cruzamento. Objectivamente, ficou um pontapé de penálti por sancionar. Não houve oportunidade para intervenção do videoárbitro sugerir revisão do lance porque este acabou em golo para o Benfica.
Ao minuto 32, Hugo Almeida teve a percepção de que Cervi cometeu uma falta dura sobre Jorge Fernandes. Não teve, no entanto, a certeza de que a falta era, efectivamente, grosseira e muito perigosa e, por isso, não expulsou o jogador do Benfica. Apenas exibiu o cartão amarelo. Não se expulsa um jogador sem certeza absoluta do que se está a fazer. O videoárbitro deveria, neste caso, ter sugerido revisão do lance. Ao ver as imagens televisivas acredito que Nuno Almeida não hesitaria na escolha da cor do cartão.
Foi anulado um golo ao Tondela (minuto 63) por pé em riste de Tyler Boyd sobre Luisão. Ambos os jogadores elevaram os pés à mesma altura. O que terá levado o árbitro a assinalar infracção do jogador do Tondela foi o facto deste, ao contrário de Luisão, ter tentado chegar à bola com o pé levantado e com os pitons das botas direccionados à zona de disputa da mesma. Situação potencialmente perigosa e, por isso, correctamente sancionada.
Aos 72 minutos, aconteceu um lance no qual, aparentemente, Rúben Dias agarrou e depois rasteirou Tomané quando este poderia seguir isolado para a baliza do Benfica. A minha opinião é de que, efectivamente, ficou livre por sancionar e vermelho por exibir. Mas, mais do que carimbar esta opinião, faz sentido explicar o motivo que creio possa ter levado ao erro. Nuno Almeida parece, num primeiro momento, ter ficado à espera de um possível fora de jogo que parecia claro. Não tendo sido assinalado fora de jogo - e bem, porque Tomané estava em posição legal - o árbitro teve um momento de desconcentração que o terá levado a desfocar-se dos jogadores e a focar-se no seu assistente. Menos de um segundo é o suficiente para se perder a possibilidade de ver um lance como este. Do tempo que vivi dentro de campo e dos muitos erros que cometi... acredito que tenha sido assim que aconteceu.
Aos 94 minutos aconteceu o último lance crítico do jogo. Jiménez, dentro da área do Tondela, saltou para tentar cabecear a bola e terá sido carregado na zona do pescoço e costas por Ricardo Costa. Lance muito rápido e difícil de detectar em campo, mas que a televisão esclarece. Também este pontapé de penálti acaba por não ter influência na definição do vencedor do jogo por que, segundos depois, o Benfica acabou por marcar golo.
Jogo com erros. Arbitragem infeliz de Nuno Almeida que não deve manchar a qualidade de um dos árbitros mais regulares das últimas épocas.
No jogo Portimonense-Sporting, dirigido por Manuel Oliveira, destaco três lances. Aos 26 minutos, Rúben Fernandes, ao efectuar um tackle para tentar roubar a bola a Bruno Fernandes acaba por vê-la bater-lhe na mão direita. O jogador do Portimonense tinha o braço esticado no chão, em posição natural após fazer um tackle, e não conseguiu evitar que a bola lhe caísse na mão. Lance fortuito bem avaliado pelo árbitro. Sem infracção.
No golo do Portimonense, aos 42 minutos, ficaram dúvidas quanto à legalidade da posição de Tabata no momento do cruzamento. Lance muito difícil para o assistente que, sem a ajuda das linhas virtuais que nos deram a certeza de que o jogador estava em linha com penúltimo adversário, decidiu bem.
Aos 53 minutos de jogo aconteceu o lance mais discutível da partida. Bas Dost parece ter sido agarrado pelo braço direito quando se tentava movimentar no interior da área do Portimonense. Manuel Oliveira entendeu que não se justificava o assinalar de penálti. Discordo, mas percebo a sua decisão em campo. Também neste caso, como na Luz, esta decisão não influenciou a definição do vencedor da partida.
Por fim, já no domingo, jogou-se o Marítimo-FC Porto. Nesta partida destaco um lance: a expulsão de Amir, guarda-redes dos insulares. O que Carlos Xistra viu, e sancionou, foi um abalroamento grosseiro que Amir fez a Soares quando este poderia seguir em clara oportunidade de golo para a sua baliza. Uma situação grosseira que punha em muito perigo a integridade física de um adversário é sempre motivo para expulsão. Neste sentido, Amir foi bem expulso. Sublinho a questão da falta grosseira para defender a expulsão sem, no entanto, apontar o facto de ter acontecido antes uma falta do avançado brasileiro que, a meu ver, desviou a bola com o braço antes de sofrer a falta. A decisão mais importante, a expulsão, foi acertada. O pontapé-livre, deveria ter sido na direcção contrária.