O amanhã

Entre apupos e vaias, no 37.º Congresso do PPD/PSD foi reconhecido um erro histórico na estratégia defendida para a Justiça.

A eleição da dr.ª Elina Fraga enquanto vice-presidente do PPD/PSD é o claro sinal de rutura com o governo do dr. Pedro Passos Coelho em matéria de Justiça.

Numa resposta ao seu passado, o PPD/PSD rejeitou o seu parceiro natural de coligação governativa e aceitou sem reservas a visão da anterior direção da Ordem dos Advogados, que merecia o apoio unânime dos partidos de esquerda na Assembleia da República na luta contra a alteração do mapa judiciário, com o consequente esvaziamento do poder da presença do Estado em muitos concelhos do país numa tentativa de agrado às exigências de poupança pública da troika que tutelava a economia nacional.

Com a chegada ao poder do Governo socialista suportado pelo apoio parlamentar do PCP/PEV e do BE, a dr.ª Elina Fraga e a Ordem dos Advogados encontraram interlocutores válidos para as suas exigências de cidadania, estabelecendo-se um clima de diálogo e de profunda cooperação institucional que transmitiu tranquilidade a todo um setor fundamental para a existência de um Estado de Direito.

As novas funções que inicia no PPD/PSD conferem à dr.ª Elina Fraga o dever de rejeição do trabalho do anterior governo, sob pena de falhar na manutenção de uma coerência de apoio à ação da atual ministra da Justiça de oposição à reforma de 2014, nomeadamente com a reabertura dos 20 tribunais encerrados e o esforço contínuo do incremento de soluções de celeridade e do cultivo de uma Justiça de proximidade das pessoas. De igual modo, deverá assumir-se a falta de receio de ir mais longe e de repensar uma reorganização judiciária que não esteja desfasada da realidade económica e social do país.

Com este corte oficial do PPD/PSD com a reforma de 2014, está aberto o diálogo e o encontrar de soluções com as forças políticas que tanto apoiaram e incentivaram a ação da dr.ª Elina Fraga no passado recente.

Mesmo que esta opção possa ser de curta duração, a realidade é inegável, no 37.º Congresso do PPD/PSD, entre apupos e vaias, foi reconhecido um erro histórico na estratégia defendida para a Justiça, tendo-se aberto uma nova porta a outro amanhã.

O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

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