O eng.º Belmiro de Azevedo foi, indiscutivelmente, um dos maiores empresários portugueses dos últimos 40 anos. Homem de grande perspicácia e capacidade analítica, soube arriscar, inovar e criar, dessa forma, um grupo económico que se tornou preponderante na economia nacional e na vida dos portugueses.

Todos reconhecem e admiram essa faceta de lutador, que o levou ao topo. Portugal beneficiou enormemente da sua visão desempoeirada do mundo, do seu sentido crítico e da sua frontalidade e coragem empresarial.

A liberdade de informação é incompatível com o controlo do Estado e com tentativas do poder executivo de influenciar a informação. A fundação de um novo jornal, o PÚBLICO, há 27 anos, quando se concretizavam os passos para a liberalização da comunicação social, constituiu uma aposta num sector que é vital à democracia e ao pluralismo democrático. O legado de Belmiro de Azevedo passará também pelo respeito pelos princípios e objectivos que estiveram na fundação deste jornal.

Registei, dos encontros que tive com Belmiro de Azevedo, para além da argúcia empresarial, o orgulho que sempre manifestou pela sua terra, Marco de Canaveses. Preocupado com o desenvolvimento local, investiu onde estavam as suas raízes e será certamente recordado como um grande marcoense. Foi também um grande português.

O eng.º Belmiro de Azevedo era um homem de preocupações sociais, que acompanhei de perto através das actividades da minha mulher. Mesmo doente, nunca deixou de marcar presença nas iniciativas patrocinadas pelo seu grupo empresarial, o que evidencia o seu empenho pessoal nas mesmas.

À família do eng.º Belmiro de Azevedo e aos trabalhadores do grupo empresarial que criou e através do qual marcou a vida de tantas pessoas, envio sinceras condolências e o testemunho da minha admiração pelo empresário, pelo empreendedor e pelo cidadão preocupado com o seu país que hoje nos deixou.