A luta contra o preconceito: um desafio (também) para as universidades

A luta contra o preconceito deve ser levada a cabo em várias frentes. A pergunta que deixamos hoje é a seguinte: o que estão as universidades a fazer nesse sentido?

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Nos últimos dias, o país descobriu que o preconceito também existe nas chamadas profissões de ajuda (medicina, psicologia, ensino, serviço social, etc.). Para quem acha que que tal só se verifica nas gerações mais velhas, um olhar rápido às caixas de comentários de meios de comunicação e redes sociais ou de grupos de Facebook que congregam pessoas das áreas mencionadas, mostrou que não é assim. Isto é, as gerações mais novas destes profissionais não são imunes ao preconceito, manifeste-se este em função do género, da “raça”/etnia, do estatuto de cidadania e/ou da orientação sexual. Trata-se de um problema social complexo e é expectável que as atitudes destas pessoas reflictam as da sociedade em que estão inseridas. O problema é que tal não deve acontecer. A responsabilidade social de alguém que debita um insulto numa caixa de comentários não é a mesma de alguém que detém responsabilidades na promoção do bem-estar biopsicossocial de pessoas e das suas famílias, independentemente das categorias identitárias de pertença destas pessoas e destas famílias.  

Pode-se argumentar que não é possível separar a esfera pessoal da profissional, que os seres humanos não são máquinas, etc., etc. É verdade, mas essa é mais uma razão para se estar atento ao preconceito, quando o que está em jogo é o bem-estar de pessoas que, por pertencerem a categorias discriminadas, já se encontram putativamente numa situação de risco. Basta olhar para as taxas de suicídio em jovens LGBT, para o salário médio das mulheres comparativamente ao dos homens, ou para a prevalência de situações de exclusão social em populações de ascendência africana. Voltando às profissões de ajuda, o que estão a fazer as universidades para prevenir este problema? Que formação recebem os futuros profissionais da rede social para não serem vítimas dos seus próprios preconceitos e para não exporem as pessoas que pretendem ajudar a esses mesmos preconceitos?

Além de dados e informação cientificamente validada sobre as populações discriminadas, seria importante que estes profissionais fossem também culturalmente competentes nas suas intervenções junto destas pessoas. Estas chamadas competências compreendem três aspectos: conhecimento (i.e., compreensão das trajetórias psicossociais dos/as clientes), aptidão (i.e., desenvolvimento de intervenções sensíveis às necessidades específicas destas pessoas) e consciência (i.e., capacidade de reflectir acerca dos próprios enviesamentos, pressupostos e limitações enquanto técnico/a). A luta contra o preconceito deve ser levada a cabo em várias frentes. A pergunta que deixamos hoje é a seguinte: o que estão as universidades a fazer nesse sentido?

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