Direito de resposta de João Wengorovius Meneses
Ex-secretário de Estado responde ao artigo de João Miguel Tavares: "O senhor Wengorovius enganou-nos".
O colunista João Miguel Tavares escreveu uma crónica no jornal PÚBLICO, na qual que me acusa de o ter enganado e de ter enganado o país. Segundo João Miguel Tavares, eu teria feito “bluff” ao não desmentir a notícia do jornal Observador, que me atribuía a informação de que o sr. ministro da Educação sabia das falsas licenciaturas do meu antigo chefe do gabinete, Nuno Félix. Essa acusação, que compromete o meu bom nome, não corresponde à verdade e merece, da minha parte, a seguinte resposta:
- Em abril passado pedi a minha exoneração do Governo, por motivos que tive oportunidade de assumir publicamente na altura, não tendo voltado a referir-me ao assunto desde então;
- Na quinta-feira passada (27/10), fui contactado, por via telefónica, pelo jornal Observador, que me colocou um conjunto de questões sensíveis sobre o meu antigo chefe do gabinete, Nuno Félix. Respondi às questões com a máxima objetividade, por considerar que era o meu dever;
- Duas horas mais tarde, o jornalista enviou-me por email um resumo da nossa conversa – o título dessa mensagem era “ON possível, como combinámos”;
- Nesse resumo, que corrigi e devolvi prontamente ao jornalista, não havia qualquer alusão ou informação relativa ao conhecimento, por parte do ministro, das falsas licenciaturas. Ou seja, eu nunca poderia ter corrigido algo que não aparecia no resumo da nossa conversa (a qual se havia centrado no chefe do gabinete);
- Foi, portanto, com surpresa que constatei que essa informação aparecia, vinda da minha parte, na peça do Observador (que saiu no dia seguinte, sexta-feira), ainda que ela significativamente não apareça entre aspas, numa peça recheada de citações minhas;
- Logo que me apercebi desse erro, entrei em contacto com o jornalista do Observador, prevenindo-o. Preferi considerar que se tratava de um mal-entendido e, desde então, insisti para que fosse corrigido. A peça estava correta, exceto no que toca a essa incorreção, que deveria ser emendada. Adicionalmente, no próprio dia, prontamente informei dessa incorreção a TSF e a SIC/Expresso;
- Se o meu desejo não fosse o esclarecimento cabal da verdade dos factos, teria deixado correr a informação dada pelo Observador, não desmentindo a notícia;
- Posteriormente, na terça-feira passada (1/11), o sr. ministro da Educação deu uma entrevista à SIC, na qual, entre outras coisas, alegou nunca ter interferido em defesa do chefe do gabinete, Nuno Félix, nem na composição do meu gabinete em geral;
- Não confirmo essas declarações. A título de exemplo, o chefe do gabinete, Nuno Félix, foi-me indicado pelo sr. ministro, por ser alguém da sua confiança pessoal, foi-me pedida reiteradamente a demissão de uma adjunta, e quando informei o sr. ministro da necessidade de concretizar a substituição do chefe do gabinete (já o havia informado há uns dias de quem iria substituí-lo), recebi o seu pedido – por email – de que não o fizesse nessa altura (o chefe do gabinete demissionário estava ausente há 15 dias e acabava de apresentar uma baixa para acompanhamento à família por mais 15 dias, situação que se estava a tornar danosa para o regular funcionamento da secretaria de Estado);
- O email que recebi do sr. ministro a que me referi, e que interferiu com a exoneração do chefe do gabinete, foi este;
- Por último, como secretário de Estado, estava totalmente identificado e empenhado no cumprimento do Programa do Governo para as áreas da Juventude e do Desporto. Reitero, contudo, os motivos da minha saída. Da minha parte, continuo a identificar-me com o atual Governo e o seu projeto para o país. Ex-secretário de Estado da Juventude e Desporto