A letargia do MAI

Há falhas graves na segurança do aeroporto de Lisboa. O ministério aos costumes disse nada.

O que será preciso acontecer para que a ministra da Administração Interna assuma que há um problema de segurança no aeroporto de Lisboa? Ninguém sabe, mas o certo é que, enquanto a principal autoridade política responsável pela segurança dos cidadãos em território nacional não acorda desta inexplicável letargia, os casos vão-se sucedendo. Soube-se agora que, há dois dias, mais um passageiro de nacionalidade argelina se evaporou do aeroporto da capital e entrou ilegalmente no país. O homem fazia uma escala de 11 horas em Lisboa, num voo entre Argel e Casablanca.

Este novo episódio acontece quatro meses depois de um outro, bem mais espectacular, em que os protagonistas também eram argelinos e conseguiram parar o aeroporto mais internacional do país durante 34 minutos. Em resumo, quatro indivíduos fugiram ao controlo de passaportes e entraram numa “zona restrita”, mais concretamente, a pista de aterragem. Quando nem sequer tinham sido apurados todos os factos, a ministra apressou-se a decretar que “o protocolo de segurança funcionou e estes homens foram detidos imediatamente". "Saio descansada deste processo e estou tranquila.” Este suspiro de alívio de alívio de Constança Urbano de Sousa teve única e exclusivamente que ver com o facto de não ter sido detectada qualquer ligação dos quatro infractores a actividades terroristas, sendo a causa provável de fuga atribuída à “tentativa desesperada de imigração ilegal”. Infelizmente, a ministra foi incapaz de tirar ilações de uma situação cujo potencial para causar problemas graves vai muito para além do mero cancelamento de voos que há quatro meses desesperou largas centenas de passageiros. Como se vê agora. Há mais um passageiro em fuga e já se percebeu, sem margem para dúvidas, que há “buracos” na lei e falhas na infra-estrutura do aeroporto, como diz o presidente do Sindicato de Inspectores do SEF. Quanto à resposta do MAI a este caso, só prova que não aprendeu nada. 

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