6; 9; 10; 12; 15; 25; 27; 28. Tudo começou em 1950 na longínqua Comunidade Europeia do Carvão e do Aço. Em 1957, com o Tratado de Roma assume uma nova cara e um novo nome, surgindo a Comunidade Económica Europeia (CEE). Em 1992, após o Tratado de Maastricht é finalmente batizada com o nome de União Europeia (EU). 8 alargamentos depois, contando com a “Unidade na Diversidade”, eis que 2016 surge como o ano que pode precipitar o fim da comunidade europeia.
Os resultados do referendo no Reino Unido podem provocar um efeito dominó um pouco por toda a Europa, sendo que diversos países já equacionam um referendo para avaliar a sua continuidade na União Europeia. A vitória do Brexit veio trazer este efeito dominó, que poucos falavam até agora, que pode aumentar as probabilidades de outros Estados-membros seguirem o exemplo britânico.
Um dos cabeças de cartaz e próximo movimento de saída é o “Nexit”. O movimento holandês tem ganho cada vez mais adeptos, tendo sido impulsionado por Geert Wilders, o líder do partido de extrema-direita. A popularidade de Geert tem subido consideravelmente, sendo que neste momento lidera as sondagens, relativamente às intenções de voto dos cidadãos holandeses. Se for vencedor das eleições de Março, Wilders já confirmou que pretende levar a cabo um referendo, mesmo que para isto faça uso de uma possível maioria absoluta para aprovar a consulta popular. De acordo com o próprio existe a necessidade de se realizar “uma primavera patriótica”.
Subindo no mapa europeu um pouco mais para Norte, a Suécia surgia (surge) como potencial candidato também a abandonar a União Europeia. É que se os Suecos tinham intenção de permanecer na UE, essa intenção começa a desvanecer-se com a saída do Reino Unido. O facto de os britânicos serem um dos principais aliados dos suecos a nível europeu, pode precipitar também a saída destes. O país escandinavo vai sofrer grandes repercussões a nível financeiro com esta saída, devido ao grande volume de negócios e parcerias existentes entre britânicos e suecos. Para além disto, o recente crescimento da extrema-direita na Suécia, com resultados cada vez mais significativos, de eleição para eleição, pode virar o jogo a favor da saída da União Europeia.
A expansão e crescimento dos movimentos de extrema-direita um pouco por toda a Europa, surge como denominador comum a todas estas situações. Se em França a Frente Nacional de Marine Le Pen, já é uma força política consolidada, em muitos países europeus andava relativamente adormecida. No entanto, a tendência é cada vez mais de mudança. Na Holanda é cada vez mais real do líder de extrema-direita se tornar primeiro-ministro; na Áustria e Suécia passaram de forças políticas na “sombra” para movimentos com assento parlamentar; na Alemanha prevê-se que ganhem assento parlamentar nas próximas eleições, podendo torna-se no primeiro partido de extrema-direita a ter lugar no parlamento alemão desde a II Guerra Mundial.
Poderá este efeito dominó ser real? Que consequências poderá ter o Brexit, para além da saída do Reino Unido da União Europeia? A tendência cada vez mais aponta para uma (Des)União Europeia, sendo que o recente crescimento da extrema-direita muito tem contribuído para este fator. As políticas anti-imigração, anti-islamismo e nacionalistas ganham cada vez mais adeptos a nível europeu, chocando de frente com o que até aqui tem sido defendido pelos líderes europeus. Como conter e evitar o alastramento do Brexit, bem como se será possível conter o avanço da extrema-direita um pouco por toda a Europa são os problemas que se avizinham e que muita tinta farão escorrer nos próximos tempos.