"Pareçam", bolas!
Se é para falar emocionalmente de bola não contem muito comigo. Culpa do futebol? Também, mas não só. Tornou-se insuportável ouvir sempre o mesmo da boca dos jogadores e treinadores, para não falar das guerras sem nível algum entre dirigentes dos clubes. Mas o divórcio quase consumado deve-se muito às horas infinitas que as televisões dedicam ao jogo, com comentadores que dizem sempre a mesma coisa e analisam até ao nervo as mesmas tácticas. Este transe televisivo atinge o ponto de rebuçado nos grandes jogos ou nas grandes competições, quando seguimos via tv o trajecto que o autocarro das equipas fazem entre o hotel/centro de estágio e o estádio. Para quê? Como jornalista, deixa-me frustrado.
É claro que a selecção está acima disto tudo. É outra coisa. É o país, portanto somos nós. Scolari sabia isso e arranjou uma maneira feliz de ter, ainda mais, o país do seu lado. Fernando Santos é outra coisa. Achou que a melhor maneira de chamar o povo à selecção seria dizer que Portugal está em França para lutar pelo título europeu, como se eu e tu precisássemos disso. Somos incondicionais, portanto não precisam de prometer nada. Mas uma coisa é não esperar nada e tudo o que vier a mais é felicidade. Outra coisa é dizerem-nos uma coisa e depois não cumprirem. E a selecção não está a cumprir. Fernando Santos insiste no jogo das palavras e o que nos deu até agora a selecção no jogo que conta? Um terceiro lugar num grupozeco.
É curto para quem quer tanto e nos quer dar tanto. Se querem a Europa (ouviram seus britânicos?), está na hora de vocês jogarem a sério. Se querem mesmo trazer a taça, joguem à bola como candidatos que dizem ser. Não basta dizê-lo, é preciso parecê-lo. "Pareçam", bolas!