Táxis autónomos
Já começam a aparecer os primeiros veículos autónomos. As tecnologias para os usar são complexas, mas nas começam a estar cada vez mais acessíveis.
"O voo para Lisboa tinha sido óptimo. Mal o avião acabara de descolar de Atlanta que adormecera e só tinha acordado porque o pessoal de bordo o tinha vindo avisar que se ia iniciar o processo de aterragem em Lisboa. Ainda no aeroporto em Atlanta tinha feito a reserva do táxi que, em Lisboa, o levaria do aeroporto para o centro da cidade, através da aplicação do seu smartphone. Queria experimentar o novo sistema de táxis autónomos que tinha sido inaugurado em Lisboa, em Abril de 2026, portanto dois meses antes. Tinham-lhe contado maravilhas.
Após o controlo de passaportes e depois de recolher a mala que tinha despachado, saiu do aeroporto e dirigiu-se à fila dos táxis autónomos que estava bem assinalada. Não havia pessoas à espera e apanhou o primeiro táxi. Depois de colocar a mala no porta-bagagens, entrou no carro e aproximou o smartphone do leitor do automóvel que por tecnologia NFC passou a informação da aplicação para o carro. Apareceu logo no painel a informação relativa à viagem que tinha sido reservada, para um hotel no Chiado. Uma voz em inglês perguntou se podia iniciar a viagem e pediu um OK no painel do táxi. Mal carregou no painel, o táxi começou a avançar para fora da zona do aeroporto numa marcha suave.
O táxi lá foi avançando no meio do trânsito da cidade. Quando se aproximou da rotunda do Marquês de Pombal entrou para uma faixa especial que se destinava a carros de tracção exclusivamente eléctrica e veículos autónomos. Tinha sabido pela imprensa que, por decisão do município de Lisboa, desde o início de 2026 no centro da cidade só podiam circular veículos autónomos nas horas de ponta. Pelo que tinha lido, esta mudança tinha contribuído para um trânsito muito mais fluido, aliado a uma redução dos níveis de poluição nas horas de ponta.
Com suavidade o táxi autónomo lá se foi deslocando até à Praça do Rossio, tendo depois seguido para o hotel que era o término da viagem. O táxi encostou mesmo em frente do hotel, deu-me uma saudação n um inglês com um sotaque impecável. Depois de recolher a mala e fechar a porta, com recurso à aplicação a viagem foi dada por concluída. E o táxi autónomo de imediato iniciou a marcha, certamente para ir ter com um novo cliente.
Bem, convém referir que durante a viagem do táxi autónomo, o sistema tinha passado a dar o canal da CNN, por conhecer a nacionalidade do cliente. Durante a viagem as últimas notícias procuravam tornar a percurso mais agradável, mas o passageiro não lhes prestou muita atenção pois a curiosidade sobre a viagem era muito maior."
O texto que acabámos de ler é ficção sobre um futuro não muito distante mas que é possível de concretizar. Já começam a aparecer os primeiros veículos autónomos. As tecnologias para os usar são complexas, mas começam a estar cada vez mais acessíveis em termos de custo e de sofisticação. Mas é necessário que se tomem decisões e se decidam vias para que futuro queremos construir no nosso País e nas cidades em particular. A crescente pressão demográfica nas cidades vai obrigar a uma alteração de paradigmas e hábitos. E sabemos como é difícil mudar hábitos antigos. 2026 já é só daqui a dez anos. E em dez anos muito se pode fazer.
Professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa