Numa entrevista concedida a dois jornais especializados nas comunidades lusófonas, o luso-brasileiro Portugal Digital e o africano África 21, o candidato presidencial Marcelo Rebelo de Sousa concordou que a TAP é vista como um “símbolo nacional” importante para as comunidades de emigração e avaliou a ligação à diáspora como “fundamental”.

“Critiquei, ainda este ano, o processo de privatização da empresa [TAP]. Entendi, na altura, que os sucessivos avanços e recuos e o valor da privatização não foram positivos para o Estado. No entanto, saliento o seguinte: independentemente de se tratar de uma empresa pública ou privada, é fundamental que a TAP se mantenha como uma empresa de referência e estratégica para o país”, explicou.

O ex-líder do PSD focou-se nas relações entre os países da lusofonia e abordou as crises económicas do Brasil e Angola, países tradicionalmente acolhedores de emigrantes portugueses.

Marcelo vê com “preocupação” o regresso a Portugal de emigrantes que foram obrigados a abandonar estes países por motivos económicos, mas nota que o regresso de “gente bem qualificada e ambiciosa não é necessariamente um problema, é uma oportunidade”.

“É necessário revitalizar Portugal como plataforma universal e ponte entre culturas e civilizações”, apontou o professor de Direito. Mas para isso, “é necessário Portugal ter um sistema educativo que nos permita realizar o nosso destino”, sinalizou.

“Acredito que pode não haver segunda volta”
Marcelo Rebelo de Sousa também comentou a actual situação política, revelando que a formação de um Governo de esquerda não mudou “rigorosamente nada” na estratégia da sua campanha: “um Presidente coabita com qualquer Governo”, referiu, acrescentando que a maior necessidade do país é “ter um Orçamento”. “Reaproximar os portugueses", "promover consensos de regime” e “ajudar a criar condições de governabilidade” são as prioridadesdo antigo comentador televisivo.

Marcelo acredita ainda que “pode não haver segunda volta” nas eleições presidenciais do próximo ano. Quando questionado se teria de disputar o cargo com Sampaio da Nóvoa, o candidato social-democrata respondeu que não era ele que escolhia “quem fica em segundo ou terceiro”.

Se chegar a Presidente, Marcelo garante que tentará “reequilibrar o sistema”. ”Os acontecimentos que terminaram com a posse do novo Governo dividiram o país. A última coisa que eu quero é que essa divisão permaneça”, disse o candidato, dando especial enfoque à necessidade todos os portugueses se sentirem “incluídos e representados”. Notícia editado por Leonete Botelho.