Anonymous atacam sites governamentais de Angola
Grupo exige libertação de 15 dos 17 activistas angolanos que estão a ser julgados e a realização de "eleições livres" no país.
Os Anonymous reivindicaram um ataque lançado na última sexta-feira a alguns dos principais sites governamentais de Angola, incluindo à página do Governo e do Supremo Tribunal. A acção tem como objectivo contestar a presidência de José Eduardo dos Santos, apelar à realização de “eleições livres” e exigir a libertação de 15 dos 17 activistas angolanos que estão a ser julgados por “actos preparatórios” de rebelião e de atentado contra o chefe de Estado angolano.
Num post publicado na página Anonymous Legion Portugal no Facebook, o grupo de hackers exige a “liberdade dos presos políticos em Angola”, que “vive embrulhada numa ditadura disfarçada de democracia e o seu fabuloso progresso mundial, que serve de distracção para um povo iludido”.
O grupo considera que o país africano vive uma situação “insustentável”, com um povo pobre e “reprimido”, enquanto a “família de José Eduardo dos Santos enriquece à custa da miséria do povo”. “Para que os angolanos tenham acesso a direitos básicos como a liberdade de expressão, a saúde e a educação, é necessário que haja eleições livres em Angola”, escrevem no seu comunicado.
Exigem a “libertação imediata” de todos os presos políticos, “incluindo os últimos que foram presos e estão neste momento a ser julgados”, numa referência ao julgamento de Luaty Beirão e dos seus companheiros. “Todos sabemos como funcionam os julgamentos numa ditadura, que é tão igual a um julgamento numa monarquia no tempo medieval”, acrescentam.
Com base neste comunicado, os Anonymous lançaram um ataque a pelo menos seis sites, incluindo o do Governo de Angola, a Embaixada de Angola em Portugal, do Tribunal Supremo ou do Tribunal Constitucional. Esta terça-feira, a página do executivo angolano ainda registava problemas de acesso, bem como o site do Governo Provincial de Luanda. Até ao momento, não houve qualquer comentário por parte das autoridades governamentais quanto a este ataque.
Domingos, Manuel, Nuno, Afonso, José, Sedrick, Fernando, Benedito, Arante, Albano, Osvaldo, Inocêncio, Hitler, Nelson, Henrique – que estão detidos desde Junho – e também Rosa e Laurinda – em liberdade – começaram a responder, no passado dia 16 de Novembro, em Luanda, pela acusação de “actos preparatórios” de rebelião e atentado contra o Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos.
Aos activistas foi atribuída a intenção de tencionarem desenvolver acções de “consciencialização e mobilização da população, extensiva a mulheres, crianças, estudantes universitários, moto-taxistas, estivadores, zungueiros, entre outros”.
O objectivo final da sua acção seria promover “arruaças”, com “queima de pneus nas distintas ruas das cidades angolanas, extensivos aos domicílios dos órgãos de soberania, incluindo o palácio presidencial. E também “greves injustificadas”, actos de “desobediência civil” e “desacatos e afronta aos órgãos de defesa e segurança do país, com excepção das FAA [Forças Armadas]".
Cinco dias após o início do julgamento, o Tribunal Provincial de Luanda não completou sequer a audição de três dos 17 arguidos.
O Tribunal Supremo angolano não aceitou um segundo pedido de habeas corpus para a libertação dos 15 activistas que estão em prisão preventiva há cinco meses, contestando que os prazos de detenção tenham sido ultrapassados.