Nuno Costa, o melhor jovem compositor ISCM

Os jovens portugueses continuam a ser reconhecidos no estrangeiro, Nuno Costa é um destes casos. O português de 28 anos foi considerado pela ISCM como o melhor jovem compositor do mundo. O prémio foi anunciado no início de Outubro, no festival World Music Days, na Eslovénia

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Não pretendo, de forma alguma, desistir deste caminho, diz Nuno Costa

Este é um importante prémio atribuído pela ISCM (Sociedade Internacional para a Música Contemporânea) e um português foi o vencedor. O Young Composer Award foi atribuído no passado dia 2 de Outubro, a Nuno Costa, durante o festival World Music Days, em Liubliana, na Eslovénia. Este relevante evento de divulgação da música e artistas contemporâneos demonstra ser um marco significativo para a carreira do jovem de 28 anos.

O júri considerou os 22 trabalhos apresentados no festival e escolheu um vencedor: o português Nuno Costa, com a obra “Pater Noster”, interpretada pelo Coro Filarmónico da Eslovénia, nas mãos da maestrina Martina Batic. Nas palavras dos jurados do World Music Days, esta composição tem uma “forte linha direccional” e “mantém a intensidade do início até ao fim”. Quanto ao artista, o júri reconhece que Nuno tem uma linguagem musical própria. “Há um potencial muito forte”, pode ler-se no site da ISCM.

Sobre a sua arte, Nuno gosta de pensar que há algo de inovador, cativante e que consegue prender a atenção de quem a ouve. O músico explicou ao P3 a composição que fez ganhar o prémio da ISCM: “A ideia musical foi trabalhada com o conceito de ‘multidão’ em mente”. Cada palavra e expressão individual dos oito cantores ganham mais relevância quando cantadas “a capella” em coro.

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Nuno está desde 2013 a estudar em Roma, no curso de Alto Aperfeiçoamento em Composição na Academia Nacional de Santa Cecília

Receber a notícia de que foi o jovem compositor escolhido para receber este prémio mostrou ser um momento de “imensa alegria”. Nuno terá uma ajuda monetária para continuar o seu trabalho e irá apresentar uma nova obra, numa futura edição do World Music Days, em Vancouver, no Canadá. “Certamente [o prémio] dará mais visibilidade à minha música e maiores responsabilidades”, afirma o compositor. Ter este título poderá abrir várias portas para festivais e novos convites para escrever música.

Este é o primeiro prémio que Nuno ganhou, talvez porque foram poucas as vezes decidiu participar em algum concurso. Quanto a nível de distinções, o músico considera as duas bolsas do Instituto Italiano de Cultura, como um grande prémio pelo seu esforço e trabalho.

Discursos de Nuno Costa, uma peça para orquestra

Música: uma paixão que nasceu e cresceu

Falar de paixões é um pouco complicado para Nuno Costa. O jovem compositor de Vila da Cerva diz ser um “apaixonado pela vida” e gosta de saber e experimentar um pouco de tudo: desde a História à natação, os seus interesses ultrapassam várias áreas mas, há uma paixão que se destaca – a música, algo que acompanha o jovem desde muito cedo.

Nuno nasceu no meio de uma família com alguns músicos populares, cresceu habituado à melodia da concertina e do acordeão, esta arte nasceu e cresceu com ele e, de certa forma, o compositor sabia que era esse o caminho a percorrer. Este percurso começou aos 9 anos, no Colégio Salesiano de Poiares, onde descobriu a sua paixão: “Não sabia se seria a composição, mas a música, sem dúvidas”. A partir deste momento, nunca mais parou. Estudou em várias escolas e academias de música em Vila Real, no Porto, na Antuérpia e actualmente está a aperfeiçoar os seus conhecimentos e técnicas em Roma, na Academia Nacional de Santa Cecília.

Foi no Porto que descobriu o seu talento para a composição e onde despertou a curiosidade para a música contemporânea. O desejo por viajar e conhecer novas realidades fez com que, através do programa Erasmus, conseguisse estudar na Antuérpia, a segunda maior cidade da Bélgica.

Estudar no estrangeiro sempre foi um sonho, mas Itália tinha uma certa magia porque, para o compositor, o país é o berço e casa de grandes mestres do mundo da música. O sonho tornou-se realidade e Itália ganhou mais um especialista em música: Nuno está desde 2013 a estudar em Roma, no curso de Alto Aperfeiçoamento em Composição na Academia Nacional de Santa Cecília. “Os italianos revelam-se de uma imaginação única e de uma proximidade cultural que me interessa especialmente”, explica Nuno o seu fascínio por Itália e o seu povo.

Um dos maiores desejos deste compositor passa por fazer algo que desenvolva a cultura portuguesa e, como objectivo, Nuno quer ajudar outros músicos que pensam que esta arte está fora do seu alcance, mostrando que tudo, realmente, é possível.

Há algumas “dificuldades naturais” que Nuno aponta, a mais comum entre os artistas é “colocar uma ideia no papel”, mas isso não o impede de continuar com o seu trabalho e muitos projectos começam a surgir. Neste momento, o jovem encontra-se no último ano da Academia e quer aproveitar e dedicar-se o mais possível à sua aprendizagem, não esquecendo o seu projecto dedicado à publicação de música sacra portuguesa, “Libellus Usualis”. Com este prémio, Nuno ganhou mais confiança e quer continuar a apostar em concursos de composição e, em breve, terá a sua primeira experiência como compositor residente, durante algumas semanas, no The Banff Centre, no Canadá.

Projectos não lhe faltam e de uma coisa Nuno tem a certeza: “não pretendo, de forma alguma, desistir deste caminho e por isso muitas coisas há a tentar. Tenho a certeza de que conseguirei concretizar com sucesso algumas delas”.

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