Music Crossroads: fazer a diferença em África através da música
Levar a música a todos os jovens africanos é o maior objectivo da Music Crossroads. Para isso, a organização tem uma campanha de “crowdfunding” para angariar 5.000 dólares, destinados à criação de dez bolsas de estudo para jovens músicos africanos
Guitarras e pianos, instrumentos de percurssão e de sopro, tudo se ouve e pratica nestas academias musicais em África. Ter acesso à educação musical é muito frequente em Portugal, o mesmo não acontece em alguns países africanos, e é isso que a Music Crossroads promove.
Esta é uma iniciativa criada pela maior rede juvenil de música a nível mundial, a Jeunesses Musicales Internacional (JMI), que apoia o desenvolvimento da educação musical no sudeste africano. Com este projecto, a organização sediada em Bruxelas está desde 1995 a criar festivais anuais, tournées internacionais e a promover a formação de novos talentos em vários países africanos, como Moçambique, Malawi, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué. Ao longo de 20 anos, a organização não governamental conseguiu envolver mais de 150 mil jovens músicos, que mostraram o seu talento musical a mais de 500 mil pessoas.
Começaram em 2013 a criar academias em África para fazer da música uma parte da realidade dos jovens de contextos desfavorecidos. Até hoje, foram instituídas academias de música no Malawi, em Moçambique e no Zimbabué, que são geridas independentemente por organizações locais.
O grande objectivo tem sido cumprido ao permitir que jovens músicos, dos 18 aos 30 anos, participem em festivais, workshops, competições e programas de intercâmbio. Além disso, a Music Crossroads também promove e participa em actividades relacionadas com a prevenção do HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), com o objectivo de informar e educar os jovens sobre esta doença.
A inovação deste projecto revela-se, em parte, no seu programa curricular. O plano de estudos foi criado de forma a englobar os contextos culturais dos diferentes países africanos, promovendo e protegendo as suas tradições musicais e a herança cultural de cada país. O plano de estudos desenvolvido pela Music Crossroads “permite que jovens africanos obtenham uma formação de qualidade através de um currículo inovador, adaptado ao contexto artístico da região, o que lhes oferece as ferramentas necessárias para a construção de uma carreira musical”, explicou a organização ao P3.
“O objectivo essencial é dar poder aos jovens através da música, fornecendo-lhes opções de futuro, para que possam construir uma carreira profissional nesta área”, afirmaram os colaboradores desta iniciativa. Para satisfazer este objectivo, a Music Crossroads oferece bolsas de estudo a jovens de contextos desfavorecidos e que, “de outra forma, não teriam como financiar esta educação”.
Assim, surgiu a ideia de criar uma acção de "crowdfunding", que visa chegar aos 5.000 dólares até ao final de Novembro, para criar bolsas de estudo para 10 alunos africanos. A campanha está de momento na plataforma online Indiegogo e o objectivo é “angariar o suficiente para suportar os estudos dos dez alunos durante um ano lectivo", cujo valor ronda os 4.400 euros. “Qualquer doação, por mais pequena que seja, pode fazer a diferença na educação destes jovens”, apela a ONG.
A campanha acaba na última semana de Novembro, mas depois disso, é possível continuar a contribuir para esta causa, através do site da Music Crossroads. Os projectos futuros da organização passam por criar mais oportunidades de emprego para os alunos, tornando-os professores de escolas públicas da região e abrir novas academias de músicas em outros países africanos. Além disso, a Music Crossroads está também a tentar providenciar cursos de tecnologias da música e de gestão cultural/musical, de forma a abranger um programa de estudos com outras áreas.