Esta geração vai tocando e lutando

Na Venezuela diz-se que quem pega num instrumento não pega numa arma. A Orquestra Geração adaptou o exemplo à realidade portuguesa e centenas de miúdos de bairros difíceis agarram-se à escola para aprender música e ganhar um futuro. No próximo dia 19 tocam com músicos consagrados no São Luiz, em Lisboa.

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A escola do Bairro do Armador, na Bela Vista, está vazia às 16h de uma segunda-feira. Há quatro ou cinco rapazes a jogar à bola no pátio e lá dentro é como se fosse fim-de-semana: os corredores estreitos, sem miúdos e com pouca luz. O único sinal de que há alguma coisa a acontecer é o som de uns sopros e percussões ao fundo de um corredor. Dentro da sala tem de se andar como quem se desvia dos pingos da chuva para não tropeçar em xilofones, baterias, bombos. É atrás de um desses bombos que está Mikil, de 11 anos, e que tem um par de palmos a mais que o instrumento.

Vai tocando com os olhos postos na partitura do Can-Can. Os colegas dos sopros, da mesma idade, tocam a melodia mais perto do quadro e do olhar do professor. Mas na música o que conta é o ouvido. “Mikil, tens de fazer as coisas com mais convicção. Tem de se perceber que sabes o que estás a fazer”, diz-lhe o professor, que mal precisou de olhar para perceber que, apesar da sua camisola do Benfica com “campeões” em letras grandes, Mikil estava atrapalhado.

Às vezes ainda não sabem muito bem as notas e já estão de instrumento na mão para se motivarem — é assim que se aprende aqui, na Orquestra Geração, um projecto social de ensino de música, do 1.º ao 3.º ciclo, em bairros problemáticos, onde o abandono escolar é frequente e uma porta de entrada para a vida na rua, o contacto com as drogas e com a criminalidade. O grande objectivo da Orquestra Geração não é por isso criar músicos nem caçar talentos: é manter os miúdos na escola.

“Às vezes é o único espaço da escola onde eles gostam de estar e é a partir daqui que temos de trabalhar para os aguentar e mostrar-lhes que podem escolher um futuro”, conta António Wagner Diniz, fundador e director do projecto. É também professor no Conservatório Nacional, onde todos os anos fazem provas alunos que descobriram a música através destas aulas gratuitas nas suas escolas básicas. “Fico igualmente contente quando há uma série deles a ir inscrever-se no Técnico, ou mesmo que seja num curso profissional. Não é preciso serem todos engenheiros, o que é preciso é irem além”, ressalva. O importante é ensinar-lhes a persistência. “Temos de ter sempre muito cuidado na forma como damos as aulas para encorajarmos os miúdos. Estão habituados a desistir, qualquer coisa que custe um bocadinho, desistem. É o que vêem muitas vezes nos pais, é normal.”

Quando Wagner Diniz teve a ideia para o projecto, em 2007, eram 15 alunos e uma escola — a Miguel Torga, na Amadora. Hoje são 14 escolas na área de Lisboa — por Sesimbra, Sacavém, Camarate ou Vialonga —, quatro em Coimbra e uma em Gondomar, e cerca de 900 crianças. Pegar em tantas crianças sem nenhuma formação musical e pô-las a fazer o primeiro concerto logo ao fim de quatro meses de aulas, porque as palmas incentivam, acontece por causa da metodologia do venezuelano El Sistema, o programa lançado nos anos 1970 para ensinar música a crianças de todas as camadas sociais e que se tornou um exemplo de sucesso, seguido hoje na Europa.

No El Sistema começa-se com o instrumento na mão, ao contrário do que é habitual no ensino tradicional, a leitura de música. Começa-se a imitar o que o professor faz para tocar canções populares que todos conhecem. “Motiva-os e permite-lhes ver, na prática, as notas que estão na pauta. Em geral evoluem rápido, excepto os que estão aqui só para passar tempo”, diz Valter Passarinho, professor na Bela Vista, onde a Geração chegou há três anos, primeiro só com percussão, depois com sopros. “Alguns pensavam que para a percussão não precisavam de saber ler a pauta... enganaram-se.”

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Um ensaio na escola Amélia Vieira Luís, em Carnaxide, onde o projecto chegou há seis anos

Em Carnaxide, na escola Amélia Vieira Luís, quando o projecto chegou há seis anos, os alunos ainda estiveram uns seis meses sem instrumentos, lembra Iara, agora com 16 anos. “Fingíamos que estávamos a tocar com canetas nas mãos, mas não me desmotivou. A minha mãe dizia sempre para eu não desistir, que isto podia dar alguma coisa.” Ao início, as aulas de música eram uma maneira de passar mais tempo com os amigos — inscreveu-se porque todos também o faziam. Mas sentiu-se rapidamente cativada, nem sabe explicar porquê.

Iara queria ter escolhido violino, mas já não havia vagas e acabou no contrabaixo — “Nem sabia o que era, não sabia nada, agora adoro o meu instrumento.” E ainda bem, porque tem mãos de contrabaixista, diz-lhe o professor. “Agora já estudo mais. No início, o professor vinha falar comigo porque não podia ter essa postura, era para levar isto a sério. Quando não sabia alguma coisa começava a rir-me e ele dizia-me que não tem graça não saber as coisas.” Essas “chamadas de atenção” foram importantes — para aprender a ler música ou a estar na orquestra, e para a sua vida.

“A minha mãe estava à espera que eu levantasse as notas... ficaram iguais. Mas comecei a portar-me melhor. Às vezes ia para a rua, ou faltava às aulas e cheguei a reprovar um ano, e agora já não”, conta. Já não gosta de estar na rua por passatempo porque “não se faz nada — são só os miúdos a correr e a jogar à bola, não tem graça”. Mesmo que gostasse, não tem grandes tempos livres. As amigas andam no boxe e no futebol, mas ela torce o nariz a isso. Quando tem algum bocadinho é para estudar uma partitura que à primeira a deixa de boca aberta porque lhe parece demasiado difícil. Estuda compasso a compasso e no fim juntam-se os pedacinhos. Se tem dúvidas, vai pesquisar no YouTube, ver e tentar imitar os profissionais.

A única coisa que impede Iara de praticar mais, por agora, é a alma do contrabaixo — uma peça interior que se estragou — e sem alma não se pode tocar, em vários sentidos. Tem de esperar que um professor arranje o instrumento e entretanto vai pedindo aos colegas que a deixem tocar. E por causa disso teve de se abster de uns quantos concertos lá em casa: dois dos irmãos mais novos também estão na Geração — um toca trombone, outro violino. “A minha mãe já sabe as músicas todas. Ela diz a toda a gente que nós estamos na orquestra”. Iara gosta que as pessoas saibam.

Para as crianças da Geração, há todas as semanas sete horas de aulas depois do horário escolar. E quarta-feira é dia de aula de orquestra em Carnaxide, ou seja, um ensaio com todos os colegas daquela escola que tocam no mesmo nível — pode haver quatro: pré-iniciação, iniciação, infantil e juvenil. Acontece numa sala espaçosa com desenhos pendurados e umas almofadas às cores que são arredadas para junto de uma parede. Durante o dia é uma escola primária, por volta das 17h transforma-se numa escola de música com malas de instrumentos amontoadas nos corredores. A meio do ensaio há alguma coisa que não está a correr bem com um violoncelo: é preciso trocar a cadeira, uma miniatura para um aluno que vai quase nos dois metros de altura.

Nesta escola onde aprendem música 60 miúdos dos 7 aos 15 anos nem sempre é fácil segurá-los, diz Matilde Caldas, responsável pela coordenação do projecto em Oeiras e Sintra. Há seis anos, logo no início, desistiram muitos e é frequente que alguns desapareçam e depois voltem noutro ano lectivo, o que também é permitido pelo projecto. Há casos complicados de miúdos que passam demasiado tempo na rua ou que têm situações familiares difíceis e estão na protecção de menores. Outras vezes faltam as bases da própria escola, não em música mas na matemática, por exemplo, quando crianças de 13 ou 14 anos não sabem fazer uma conta simples de dividir.

“Temos de nos adaptar às condições da escola. Houve sítios em que não conseguíamos juntar as 30 crianças [número máximo de vagas por turma] porque destruíam a sala e tivemos de optar por um trabalho progressivo de cinco a cinco, e no fim do ano conseguimos juntar a orquestra”, explica António Wagner Diniz, que não tem dúvidas de que, nas escolas onde actuam, já afastaram alguns miúdos da venda de droga e da criminalidade. Também já perderam outros, alguns de grande talento. Mas, para já, a nota para a Geração é positiva. “Não somos um projecto musical, somos um projecto social, que trabalha através da música. A música significa um trabalho de auto-estima e de conjunto que à medida que vai aumentando a sua complexidade obriga a um trabalho mental muito semelhante ao da matemática.”

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Fátima Duarte é funcionária na Escola do Armador, na Bela Vista. Dá apoio a estas aulas de música, anda pelo corredor para qualquer coisa que seja preciso. Fala sobre abandono escolar, venda de droga, gravidezes precoces. Mas como moradora do bairro, e mãe de um aluno, sente que esta é uma pequena parte e que a vizinhança não conhece o projecto.

João, filho de Fátima, começou com dez anos a tocar trompete nestas aulas. João sempre tinha gostado de desporto, fosse futebol, judo ou natação. Mas surpreendeu a mãe ao querer desistir da piscina para se dedicar mais ao trompete. “Primeiro eu queria era saxofone — não sei explicar, gostava do saxofone — mas depois experimentei o trompete e o professor disse que eu era perfeito. Nessa vez toquei fortíssimo.”

Dois anos depois, não melhorou as notas, porque sempre teve “quatros e cincos”, mas diz com muita confiança que é melhor aluno por causa da orquestra. “Não era assim tão atento. A música ajuda na escola, e a escola ajuda na música.” Para além de agora estar “sempre a ouvir tudinho o que a professora diz e a ter respeito”, a música mudou-lhe a rotina e a da família, que de vez em quando ouve o trompete em casa. “Ao princípio os meus irmãos chamavam a isto corneta e eu ficava chateado. Depois chamavam trombone e eu já expliquei: o trombone tem uma vara que mexe, no trompete não mexe nada.”

Faz contas de cabeça para ver quantas horas por semana passa a tocar. Não treina em casa todos os dias, porque o pai é pasteleiro e trabalha de noite, precisa de descansar durante o dia. Não podendo tocar em casa, toca na escola: ao fim do dia, há uma sala toda envidraçada que passa a ser só para ele — como um estúdio pessoal. Ao domingo é dia de almoçar com a família e raramente consegue praticar. Além disso, é preciso descansar, ou começam a nascer bolhas à volta dos lábios ou nas mãos. Certo é que quando alguém faz anos não podem faltar os Parabéns. “Nem vale a pena perguntar se querem: chego lá e toco, batemos palmas e pronto.”

“Cultivou um gosto musical que muitos não têm na sociedade em que vivemos. Nestes bairros não se ouve este tipo de música” — fala da música clássica, que é frequente agora ouvir em casa do João, seja porque ele assiste ao canal Mezzo, seja porque vê vídeos de duas horas, com orquestras a tocar, no YouTube. Também ensaia ao espelho — “não se pode esquecer da postura”, avisa a mãe — e todos os dias há uma música que não falha: Te Deum, de Charpentier. “Aquilo é fortíssimo. É a abertura da Eurovisão, de todos os países. É muito forte, muito alegre. Quero incentivar-me para conseguir fazer aquilo”, conta João e explica porquê: está tudo no diafragma que trabalha sozinho e que tem de aprender a fazer o que o João manda.

João quer ser engenheiro mas sem nunca deixar a música. “Quando toco, estou feliz. Às vezes tenho de me despachar para a orquestra, e os meus colegas perguntam-me porque é que vou com pressa, dizem que isto não presta, podia estar a jogar futebol. Para eles é um defeito, para mim é um dom”, diz entusiasmado.

A próxima fase do projecto Geração, depois de uma primeira intervenção nas escolas, é investir nas orquestras municipais, que juntam os alunos de várias escolas da mesma zona: uma maneira de não largar quem acaba o 9.º ano e de criar um sentido de comunidade. A Orquestra Municipal Geração da Amadora é entre estas a mais antiga e fez já uma tournée pelo Norte — “um sucesso”, diz Juan Maggiorani, coordenador pedagógico nacional e maestro deste núcleo.

O ensaio no espaço cultural Recreios da Amadora, a um sábado, tem o palco cheio de alunos entre os 8 e os 17 anos. O concerto é dentro de meia hora mas ainda há pormenores a afinar: no palco, Juan revê o programa, diz que o objectivo é fazer tão bem como na tournée. “A qualidade da orquestra é fabulosa”, assume o maestro, que já esperava isto desde que se juntou ao projecto em 2007: ensinam ao mais alto nível e não com a ideia do projecto social que ensina pessoas pobres, explica. “Assim é que se combate a desigualdade.” E é por isso que os alunos portugueses ficam muitas vezes como chefes de naipe quando se juntam a orquestras do Sistema Europa, o conjunto dos projectos europeus que usam a mesma metodologia do venezuelano El Sistema. Não são uma estrutura da União Europeia, não recebem fundos especiais e, dependendo do país, há projectos muito diferentes — alguns partem de alunos que já têm noções básicas de música, uns têm sete horas por semana, outros apenas duas.

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Escola Amélia Vieira Luís. O financiamento da Orquestra Geração é feito em 85% pelo Estado; o restante são apoios privados

O exemplo português é considerado o mais próximo do El Sistema, de que Juan foi aluno e onde tocou violino pela primeira vez aos 13 anos. Ainda se lembra: era a Quinta Sinfonia de Beethoven e não percebia nada do que estava a fazer. Imitava o colega do lado, mais velho, e ia cumprindo o lema que lhe foi fundamental: “Tocar e lutar.”

Daqui a dois meses, em Julho, vai dirigir esta orquestra na Gulbenkian, o que não é excepcional, porque estão habituados a tocar no CCB, na Casa da Música, na Gulbenkian. O que vai ser extraordinário é que para Juan chegou a vez de dirigir a Quinta Sinfonia: “São sonhos tornados realidade, isso não tem preço.”

Apesar de habituados às grandes salas, o próximo concerto é uma estreia: dia 19 de Maio, no São Luiz, em Lisboa, uma gala de angariação de fundos para a Orquestra Geração em que os diferentes núcleos do projecto vão tocar com nomes como Adriano Jordão, Camané ou Rodrigo Leão. Não há verbas que cheguem para trocar os instrumentos, que são dos mais baratos, explica António Wagner Diniz, e que “deixam de servir quando os alunos atingem este nível, em que a busca de som, de timbre é importante”.

O financiamento da Orquestra Geração é feito em 85% pelo Estado, através do Ministério da Educação, que contrata a maioria dos professores, e dos municípios, que podem concorrer a apoios comunitários como o QREN. O restante são apoios privados.

Sentem-se sempre na corda bamba: nunca sabem se no próximo ano o Ministério renova os contratos com os professores e continua a apoiar o projecto, o que seria mais fácil com um contrato de legislatura, sugere o director. Nos últimos dois anos foi mesmo preciso ir ao Parlamento, à Comissão de Educação, Ciência e Cultura, mostrar que estão a desenvolver trabalho. Levaram uma das orquestras e “as pessoas ficaram malucas porque não estavam à espera daquela qualidade”, diz António Wagner Diniz.

Para o concerto no São Luiz, também se espera gente de pé, a dançar e a bater palmas. É o que acontece quando tocam os ritmos ciganos ou as canções cabo-verdianas — “Temos a preocupação de colocar músicas divertidas. Muita gente pensa que a música clássica é aborrecida, porque não tem a oportunidade de conhecer”, diz Juan para falar de peças facilmente reconhecíveis, como o Concerto de Sol Maior de Vivaldi, ou Les Teréadors, de Bizet.

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Mikil, da escola do Bairro do Armador, na Bela Vista, em Lisboa

Anabela Castela lembra-se bem da primeira vez que ouviu uma das músicas do filme O Fantasma da Ópera. O filho, Daniel, tinha ido dar um concerto com a orquestra da Amadora, em que tocavam músicas de filmes enquanto as cenas eram projectadas. “Não conhecia aquele filme e achei tão bonito que lhe pedi para ir procurar à Internet”, conta, e confessa que de vez em quando ainda lhe pede que toque essa música só para ela.

Daniel tem 15 anos e foi parar à Orquestra Geração há três, aconselhado pelo gabinete de mediação escolar por sofrer bullying. “Eu achei que era bom para ele, não pensei é que ele viesse a ganhar este gosto. Agora é o seu sonho e eu apoio-o muito. Independentemente das condições que o nosso país tenha, é sempre bom pensarmos que os nossos filhos podem seguir os seus sonhos”, emociona-se Anabela e fala com orgulho de quando o vê tocar no palco as canções que, de tanto seguir os concertos, já sabe de cor.

Quando chegou à orquestra, Daniel escolheu o trombone porque a tuba era demasiado grande. As pessoas que conheceu e a maneira como o acolheram foram “um alívio” e a descoberta da música, “ao princípio um bocadinho difícil”, mostrou-lhe que tem “um talento, que há uma coisa que consegue fazer muito bem”, relembra hesitante. “A minha vida agora é muito mais trabalhosa, mas também muito mais divertida.”

Em palco, concentração. Do lado de lá está a mãe, muito atenta. No concerto nos Recreios da Amadora, Anabela notou que o filho corrigiu a postura. “Às vezes gostava que ele trabalhasse mais aqui na orquestra. Tenho de o empurrar um bocadinho para estudar, porque nós temos sonhos, mas eles não se concretizam se não houver dedicação” — Daniel confirma: “Sou um bocadinho preguiçoso.”

Logo depois de um encore muito aplaudido, é uma correria até aos bastidores. Liberta-se a energia que esteve tão disciplinada, ainda há minutos, em palco. Não lhes apetece dar entrevistas, empurram de uns para os outros e negoceiam com “eu já dei três, tu só deste duas”. Diogo, violinista de 15 anos, há seis na orquestra, aceita.

Já não se lembra bem porque escolheu o violino. Hoje não duvida de que é o que quer fazer nos próximos anos. Os pais apoiam e ficam orgulhosos. “Estão sempre a notar quando me engano e isso por um lado é mau, mas até me ajuda”, confessa.

“A primeira vez que vi uma partitura fiquei muito atrapalhado, pensei que nunca ia conseguir.” E recorda ainda o dia em que ouviu os professores tocarem pela primeira vez e como isso o deixou “inspirado”. Seis anos depois, é ele que ajuda quem está agora a chegar.

Quando entrou para a Geração, Diogo não tinha facilidade em se aproximar das outras pessoas. “Já perdi esse medo e estou mais sociável. Somos todos amigos e fazemos coisas juntos mesmo fora da orquestra.” E quando tocou com outros músicos europeus na Alemanha e na Turquia, só mesmo a música foi a linguagem universal: “Tentava aprender palavras deles, mas dali a um bocado esquecia-me, tinha de ser mesmo pelo inglês.”

Já é o terceiro ano que dá entrevistas e continua a ficar envergonhado. “Atrapalho-me. É mais fácil tocar violino”, diz ele. Não fica só tímido com a situação das perguntas e das respostas: cora ao falar de como gosta da música e da orquestra que lhe trouxe “felicidade e amizades”. Não há outra coisa que queira ser que não violinista. “Isto foi uma sorte aparecer na minha vida.”     

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