Eleições gregas e liberdade
A senhora Merkel e o senhor Schäuble não podem impor à Europa uma doutrina de soberania limitada semelhante àquela que Brejnev instituiu para os países do leste europeu depois da Primavera de Praga em 1968 e da invasão da então Checoslováquia pelos blindados do Pacto de Varsóvia. É isso que está em causa nas eleições que vão disputar-se na Grécia, berço da democracia e da civilização europeia. Um problema de liberdade: os eleitores gregos têm o direito de decidir livremente sem chantagens nem ameaças.
Mas não é só um problema de liberdade para a Grécia. Está em causa também uma concepção da Europa, a liberdade e a soberania dos países da União Europeia. Ou uma Europa entendida como União entre Estados soberanos e iguais, ou uma Europa diminuída e pervertida, com um país dominante e uma Comissão Europeia submissa a ditarem as regras e a decidirem o que cada país pode ou não pode fazer.
Uma tal Europa é um atentado à liberdade e uma nova forma de autoritarismo. Por isso as eleições gregas são tão importantes. Não se trata de ser por ou contra o Syriza, mas de ser por ou contra o direito de os gregos escolherem quem muito bem entenderem. Uma ameaça a este direito dos eleitores gregos é uma ameaça à liberdade e à soberania de todos os povos da União Europeia.
Nem só com tanques se invade um país e se mata uma primavera. Quem coloca os mercados acima dos Estados e quem faz chantagem sobre o sentido de votos dos eleitores gregos está a invadir a Grécia e está a invadir-nos a todos nós. Nas eleições gregas, não vai apenas decidir-se o futuro político próximo da Grécia. Vai definir-se o futuro da liberdade e da democracia na Europa.
Fundador do PS