Book a Street Artist, o projecto que levou artistas de rua ao número um do Acredita Portugal
Queres "encomendar" um graffiti, contratar um mágico ou escolher um músico de rua para um “show case” privado? A Book a Street Artist nasceu com esse propósito e hoje a ideia valeu o prémio Acredita Portugal 2014 na categoria de “Empreendedorismo Social”
Foram 14 238 candidaturas em seis meses, apenas 17 chegaram à final mas coube à Book a Street Artist arrecadar o prémio BES Realize o seu sonho, na categoria "Empreendedorismo Social. A gala do Acredita Portugal 2014 decorreu no dia 6 de Junho e num minuto Charlotte Specht e Mário Rueda provaram que mereciam levar o prémio para casa.
A dupla de origem alemã e colombiana surgiu em 2011, em Lisboa, com o intuito de criar um serviço de encomendas online para todos os que queiram levar “artistas de rua para casa”. “Reparamos no potencial dos artistas de rua que poderiam ser uma solução de entretenimento de pessoas para eventos”, explica o fundador Mário Rueda ao P3, “passando de músicos para mágicos, graffiters e malabaristas”. Enquanto que inicialmente os artistas eram encontrados na rua, hoje a selecção é feita sobretudo através da plataforma online.
A apresentação do projecto teve a duração máxima de um minuto, o que levou à inicitativa da Plugged-in uma aposta diferente. Havia uma necessidade: “ter um artista que em menos de um minuto conseguisse chamar a atenção e quebrar a rotina elegante de uma gala”. A solução foi encontrada em Gaspar Silva, um músico habitual nas ruas de Lisboa, “com o poder de fazer a festa em 30 segundos”. Através de uma percussão simples caracterizada por elementos de cozinha, Gaspar conseguiu “por o público a bater palmas e dançar”, recorda. Através da frase “queres mais? contrata um artista de rua”, Mário garante que o objectivo foi cumprido. “Passamos bem a nossa ideia e chamamos a atenção para este tipo de arte”.
A vitória permitiu-lhes arrecadar apoios e serviços ao nível jurídico, consulturia e marketing digital mas também visibilidade, “que é muito importante”. O próximo objetivo? Aumentar o número de bookings e promover os artistas.
Encomendas invulgares de vários cantos do mundo
Há cerca de dois anos que o serviço Book a Street Artist tem vindo a permitir a diferentes clientes “encomendar” vários tipos de arte urbana, desde grafittis a magia, música e malabarismo. Os clientes vêm de várias partes do globo, desde Inglaterra e Alemanhã a França e EUA, e procuram serviços com diferentes fins. Mário acredita que a maior adesão destes países deve-se sobretudo ao facto de serem sítios “onde há um interesse maior pelo assunto” e uma “grande quantidade de pessoas” a fazerem compras online.
Entre os pedidos mais frequentes, normalmente “casamentos, corporações e festivais”, existem clientes pouco habituais. O primeiro pedido foi feito pela Igreja Presbiteriana de Santo André em Lisboa e Mário recorda a surpresa por considerar o serviço “out of the box”, já que ”o graffiti representa o modernismo da arte e até é um tema um bocado polémico”. Outros pedidos menos frequentes também chegam de estudantes universitários, como foi o caso de um grupo de estudantes da Universidade de Harvard em Boston que "encomendaram" um desenho de Light Art do artista Michael Bosanko.
Para serem realizadas as encomendas, os interessados devem dirigir-se à plataforma, procurar qual o artista desejado e preencher um formulário. Em menos de 24 horas, a organização responde e informa o potencial cliente sobre o orçamento, definido geralmente pelos artistas.
A revista Panta, lançada de quatro em quatro meses, é ainda uma iniciativa da organização para a promover “a street art ao lado de outros tipos de arte”. A terceira edição foi lançada este mês e pretende marcar a diferença pelo “grafismo” e “aposta visual”.