A “Help Desk” é secretária e mochila ao mesmo tempo

Um pedaço de cartão reciclado que se transforma numa secretária ou numa mochila. A ideia da organização Aarambh quer revolucionar o ensino nas escolas mais carenciadas da Índia

Quando a educação é um privilégio e o material escolar um bem de luxo, há ideias simples que podem marcar a diferença na vida de uma criança. A “Help Desk” é exemplo disso: nasceu em New Bombay, na Índia, nas mãos de Sanuree Gomes e da associação sem fins lucrativos Aarambh - o que significa Ínicio em indiano - uma organização que ajuda crianças carenciadas com cuidados básicos nas áreas da saúde e educação.

O facto de milhares de crianças não terem uma secretária para escrever ou uma mochila para transportarem livros escolares, “que faz com que usem frequentemente sacos de plástico”, foi motivo suficiente para a associação procurar uma solução mais eficiente e económica, explica Ms Shobha Murthy ao P3, um dos fundadores do projecto.

A “Help Desk” é criada a partir de cartão reciclado e o seu design e recorte permitem que o material encaixe facilmente em forma de secretária ou mochila. Também são acrescentadas duas alças em algodão, “mas tem de ser tudo muito barato”, explica Shobha, “uma vez que a organização não conta com qualquer tipo de apoios”.

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Depois de serem produzidas algumas unidades, a primeira experiência foi realizada em Maharashtra, uma região rural de um estado ocidental da Índia, onde a associação distribuiu vários exemplares pelas crianças. O resultado demonstrou que a utilização das secretárias levou “a um maior conforto e menos distrações” por parte dos alunos.

Contudo, o projecto ainda está numa fase embrionária e a falta de secretárias produzidas continua a ser o principal problema da organização. “O material não é conveniente para a chuva e por isso estamos à procura de algum tipo de plástico que possa ser revestido na parte exterior da mochila e fazer com que se torne à prova de água”, continua Shobha. “É mais urgente investir na saúde e na educação destas crianças”.

O custo de produção de cada unidade ronda os 20 cêntimos e a organização ambiciona levar a ideia ao maior número de escolas possíveis, fazendo com que as crianças troquem o chão pela secretária e assim seja possível gerar mais conforto e menos problemas de saúde.

Texto editado por Luís Octávio Costa

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