Os últimos dias não têm sido fáceis. Nem para mim nem, creio, para qualquer português que resida dentro ou fora do País. No meu caso passo-os a tentar explicar aos amigos — que são de várias nacionalidades — o que está a acontecer em Portugal. Confesso que não é tarefa que me agrade e muito menos dê prazer. Antes pelo contrário. Sinto uma enorme tristeza e, igualmente, desilusão.
Desilusão por ver o meu país passar por este vexame. Desilusão por ter que explicar que os nossos políticos — e não há que usar palavras meigas — são uma valente porcaria. Desilusão para comigo que começo a perder a esperança numa qualquer mudança milagrosa. Sim, não sou nem nunca fui religioso, mas isso não significa que nunca acreditei em “milagres”. Como um adepto de um qualquer clube desportivo acredito que no último minuto a coisa pode mudar. Mas não mudou, não muda e nunca vai mudar. Portugal perderá sempre no último segundo. E a culpa, tal como em algumas equipas, é de uma cambada de “jogadores” que está mais preocupada com o seu futuro do que outra coisa qualquer. É a realidade. Ponto final.
Não vou perder muito tempo a escrever sobre os protagonistas desta trapalhada. Sobre eles já escrevi anteriormente. Lamentavelmente, não me enganei. São quem são e não há nada a fazer. Melhor, há. Há que os tirar de lá. A bem ou a mal.
Cansa-me ouvir, sempre, toda a gente dizer que as greves e as manifestações devem ser pacíficas e etc. Caramba! E o que isso nos tem trazido? Incompetentes, corruptos, arranjos, tachos e o catano. Somos mansos. Uns palermas que levam cacetada no lombo e se deixam ficar. Não deveria ser assim. Temos a obrigação, para não dizer responsabilidade, de mudar o rumo das coisas. Está nas nossas mãos.
Olhemos para os outros. Turquia, Bulgária, Egipto, Brasil… e nós? Sempre com a velha história gasta do cravo e da frase “o povo é sereno”. O povo tem é que ser danado. O povo tem é que bater o pé. E já está mais que visto que a ser pacífico a coisa não vai lá.
Violência? Que o seja se tiver que ser. Como se diz na minha terra — sou do Porto — “ora foda-se”! Ou vai a bem ou vai a mal. E pelo que vejo vai ter que ser mesmo a mal. Caso contrário nada irá mudar. Mesmo nada. Isto porque, e já se percebeu, o Coelho está agarrado ao poder, o Portas gosta do poder e o Aníbal ainda não percebeu que, efectivamente, tem mesmo poder.
Adiante. Durante as próximas semanas estarei em Portugal. Matar saudades. Estava bastante entusiasmado por poder rever familiares e amigos. Ansioso por poder voltar a ver o “meu” sol, sentir o cheiro do Atlântico e do Douro, saborear a comida e degustar bons vinhos… Mas agora vou triste porque sei que encontrarei pessoas tristes. Mais tristes do que da última vez. Triste porque dói ver aquilo que se gosta em desgraça.
Não sei se fico ou se me vou. Só sei que, por estes dias, ser português é fodido.