Está fora de questão a eficácia deste filmezinho simpático, bem carpinteirado e concebido para fazer brilhar um elenco de luxo, fornecendo-lhe claras oportunidades para agradar aos gostos conservadores da Academia e quejandos.
Colin Firth constrói um Jorge VI complexo e Geoffrey Rush faz do seu terapeuta da fala uma personagem que completa o quadro central de uma película que aspira sobretudo à reconstrução minuciosa de uma época (valores de produção impecáveis, no domínio de direcção artística e guarda-roupa) e de uma mentalidade. O que espanta mesmo é o entusiasmo excessivo, as doze nomeações para os Óscares, a chuva de prémios prévios, quando se trata apenas de um telefilme de qualidade que faria mais sentido no horário nobre de um qualquer canal internacional.
Se se quiser entender o que queremos dizer, compare-se com "A Rainha" de Stephen Frears (sem sequer nos afastarmos do mesmo contexto histórico) para ver os limites representativos deste "fait-divers" de um rei tímido que gaguejava.