"Hooligans" holandeses tentaram reservar alojamento em Gaia
Ao que o PÚBLICO apurou, o grupo, que ao que tudo indica integra "hooligans" ligados à facção violenta do Feyenoord que estão proibidos de entrar em território português, terá mesmo chegado a reservar cerca de duas dezenas de quartos, mas a gerência da unidade hoteleira terá anulado os pedidos depois de ser informada pelas autoridades policiais do perfil desses adeptos.
Uma fonte da PSP contactada pelo PÚBLICO limitou-se a garantir que não virá para aquela zona nenhum conjunto de adeptos referenciados como violentos e que os alegados "hooligans" não terão chegado a entrar no país. "Que seja do nosso conhecimento, não virá para o Norte nenhum grupo de holandeses com ligações a facções violentas", assegurou a fonte. Revelou que, em Espinho, a escassos quilómetros de Arcozelo, são esperados, a partir de sexta-feira e durante duas semanas, entre 1000 a 1500 holandeses, mas que não têm qualquer historial de violência. "Não temos ninguém particularmente preocupante", sublinhou a mesma fonte.
A potencial ameaça foi aflorada durante uma reunião mantida na semana passada entre a PSP de Espinho, a associação comercial local e um conjunto de bares da zona marginal, para preparar os procedimentos de segurança durante o período em que decorre o Euro. À semelhança do que aconteceu noutras zonas do país, os concessionários dos estabelecimentos comerciais foram aconselhados a, depois das 17h00, substituir os copos de vidro por copos de plástico, fixar os caixotes de lixo, guardar os guarda-sóis quando estes estiverem fechados e evitar os cinzeiros de vidro, entre outras medidas preventivas, de modo a eliminar o maior número possível de objectos que, em caso de conflito, possam ser utilizados como arma de arremesso. "E ter muito cuidado para não deixar acabar a cerveja", atira Antero Costa, responsável do Anterix, um dos bares de praia de Espinho. "Não é brincadeira. É para que eles não fiquem com a ideia de que há alguma má vontade da nossa parte".
Convivência preocupante
Afastado que parece estar o espectro do "hooliganismo", as maiores preocupações das autoridades policiais da cidade - que fica entre o Porto (uns 20 quilómetros a sul) e Aveiro, dois dos pólos que vão receber jogos da competição e da selecção holandesa - recaem sobre as pessoas que deverão chegar nos próximo dias sem terem reservado alojamento e, portanto, mais difíceis de controlar, e os eventuais conflitos ou distúrbios potenciados pelo consumo excessivo de álcool.
Preocupante é também a possível convivência no mesmo espaço de adeptos holandeses e alemães, cuja rivalidade é histórica, sobretudo quando as selecções dos dois países se defrontarem no dia 15, no Porto, no Estádio do Dragão, na primeira jornada do grupo D. Nessa data, um grupo de perto de 2500 holandeses "estacionará" em Espinho durante quatro horas antes da partida para o recinto portista, o que merecerá, naturalmente, uma atenção redobrada das forças de segurança.
Em caso de perturbação da ordem pública, uma equipa da PSP avaliará primeiro a dimensão do perigo e só depois decidirá o tipo de intervenção adequada e a necessidade de solicitar ao comando distrital um reforço dos efectivos policiais.