Mulher de presumível assassino de Daniella Perez diz que viu tudo

Os novos episódios do assassinato de Daniella Perez vieram baralhar tudo. Afinal, Guilherme de Pádua não estava sozinho no carro com a actriz na noite do crime; houve uma testemunha.

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Para o viúvo, o actor Raul Gazzola, não há qualquer mistério: "Como sabia que não podia ter nada com ela, [Guilherme de Pádua] matou-a friamente" DR

A blusa negra levantada até à altura dos seios, a boca aberta, jeans, ténis e meias brancas. Foi assim que Daniella Perez, 22 anos, foi encontrada, segunda-feira à noite, num matagal ao quilómetro 11 da Avenida das Américas, no elegante bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Era também assim que, ontem, os jornais brasileiros mostravam o corpo da Yasmin de Corpo e Alma, numa altura em que a polícia começava a investigar a cumplicidade no crime, ou mesmo autoria, de Paula de Almeida Thomaz, a mulher do actor Guilherme de Pádua, o assassino confesso e colega de novela de Daniella — ele era Bira, motorista, apaixonado por Yasmin.

A “reviravolta” no caso — Guilherme já se assumira como culpado, ao fim de várias horas de interrogatório, e justificava: estava a ser pressionado por Daniella para abandonar a família e assumir o romance com ela — dava-se às 18h de terça-feira. Foi a essa hora que Paula, grávida de três meses, se dirigiu à 16ª delegação da polícia da Barra da Tijuca onde contou ao oficial de plantão, numa “declaração informal”, segundo a imprensa brasileira, que estava escondida no banco de trás do carro que o marido utilizou para se encontrar com Daniella.

O encontro, disse, foi Guilherme que o combinou para lhe provar que estava a ser assediado pela colega. Paula diz que ouviu a discussão que antecedeu o crime... e não contou mais, segundo os relatos dos jornais, porque se sentiu mal e foi então decidido adiar o depoimento formal para ontem. Até ao fecho desta edição não foi possível conseguir saber mais desenvolvimentos sobre o depoimento de Paula Thomaz.

Corpo e sangue

No relatório dos Peritos do Instituto de Medicina Legal do Rio que observaram o corpo de Daniella consta: 16 perfurações no corpo, 4 das quais na traqueia e 12 na região mamária. Oito atingiram o coração e o pulmão esquerdo. A quantidade de sangue que se infiltrou nos órgãos da vítima revela que os golpes foram infligidos ainda em vida por uma tesoura.

O corpo apresentava escoriações e equimoses no rosto, pescoço e ombro direito. Também o braço direito de Guilherme de Pádua mostra escoriações, semelhantes a arranhões. Já foram pedidos exames epidérmicos, para detectar vestígios de pele debaixo das unhas da vítima, e testes ao sangue, para identificar índices de álcool ou droga. Na mão direita de Daniella havia manchas de mercurocromo. Não há sinais de ter havido relações sexuais.

Quando foi detido, às seis da manhã de terça-feira, no seu apartamento de Copacabana, Guilherme negou tudo — antes, e ainda durante a madrugada, foi visto a consolar a mãe da vítima, Glória Perez, a autora de De Corpo e Alma e na delegacia mostrava a sua solidariedade para com Raul Gazzola, o marido. Tentou um álibi: tinha saído da produtora Tycoon, onde gravava cenas da novela, às 22h, em direcção ao Barra Shopping, para ir buscar a mulher que o esperava. Mas nos computadores que registam todas as matrículas das viaturas que entram para o parque de estacionamento não ficaram sinais do carro de Guilherme de Pádua.

Quando depois confessou, explicou que estava a ser assediado por Daniella há três meses e que a actriz o tinha ameaçado de morte — a ele e à mulher — se não assumisse um romance com ela. É de passagem que um jornal como o Globo refere ainda, citando Guilherme de Pádua, que a intérprete de De Corpo e Alma lhe teria dito que tinha sida.

Na hipótese que agora a polícia brasileira investiga de haver cumplicidade de Paula de Almeida Thomaz ou de ela ter cometido o crime sozinha, Guilherme de Pádua, que pode apanhar uma pena entre 12 a 30 anos de prisão, estaria assim a proteger a mulher.

"Vivíamos maravilhosamente bem"

“Éramos casados há três anos, vivíamos maravilhosamente bem. Ele [Guilherme de Pádua] fazia de namorado dela na novela e se apaixonou por ela. Como sabia que não podia ter nada com ela, matou-a friamente”. Era assim que Raul Gazzola, o marido de Daniella, dizia ontem, em contacto telefónico com o PÚBLICO, não acreditar na versão que conta Paula de Almeida Thomaz.

“Ela nunca esteve no local do crime, ela nunca podia saber, ela estava à espera do marido no shopping e não teve nada a ver com o crime. Ele seguiu-a [Daniella], nem tentou seduzi-la nem nada, matou-a friamente e então é que foi buscar a mulher.”

A explicação de Gazolla é que “foi tudo uma fantasia da personagem": Guilherme terá confundido a novela e a vida. “Apaixonou-se por ela, como personagem. Nem eu nem a minha mulher desconfiávamos de nada”. Gazzola, intérprete da novela Kananga do Japão, que a RTP transmitiu, preparava um musical com a mulher, Dança Comigo. Misturaria o bolero, o mambo, o rock e o tango. “Vou trabalhar cada vez mais. Agora mais do que nunca.”

E Glória Perez, a mãe de Daniella, também vai continuar a escrever a novela. Até ao fim. A direcção da Rede Globo ainda quis incumbir Leonor Bassères e Ana Marisa Moretzsohn de concluírem a trama sob supervisão de Gilberto Braga. Mas Glória insistiu. Só pediu uma coisa: não quer ser ela a escrever o capítulo em que Yasmin e Bira saem de cena em De Corpo e Alma.

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